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Lula quer barril a US$ 10 em capitalização
Presidente acha pequeno o valor de US$ 8,50 que vem sendo discutido no governo para o aumento de capital da Petrobras
Quanto menor o valor do barril, menos poder de fogo tem o governo federal para abocanhar fatia maior da empresa
KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva resiste à possibilidade de aceitar o preço de
US$ 8,50 para cada barril que
a União usar na capitalização
da Petrobras. Segundo a Folha apurou, Lula prefere um
valor próximo a US$ 10.
Segundo lei aprovada pelo
Congresso, a União está autorizada a dar 5 bilhões de
barris do pré-sal como sua
contrapartida no aumento
de capital da estatal.
Lula já havia rejeitado a
primeira avaliação de laudo
encomendado pela Petrobras, que cotou cada barril
do governo de US$ 5 a US$ 6.
O laudo da ANP (Agência
Nacional do Petróleo) avaliou o mesmo barril entre
US$ 10 e US$ 12. Segundo relato de um técnico envolvido
nas negociações, o governo
vai fixar um número mais
próximo ao da ANP.
Em reuniões nos últimos
dias, a área técnica do governo chegou a estimar cada
barril na casa dos US$ 8. Nas
simulações mais recentes,
apareceram valores entre
US$ 8,20 e US$ 8,50.
Mas Lula, nas palavras de
um auxiliar direto, acha pouco e resiste aos US$ 8,50. O
número final ainda não foi
apresentado ao presidente.
A ANP vem defendendo
publicamente uma cotação
mais alta: cerca de US$ 9.
PODER DE FOGO
Quanto maior o valor do
barril, mais difícil para que
acionistas minoritários
acompanhem a União na
operação de aumento de capital da Petrobras.
Quanto menor o valor, menos poder de fogo tem o governo federal, que é o acionista majoritário da companhia estatal, para abocanhar
fatia maior da empresa.
Hoje, a União detém 32%
do capital total da empresa.
Entre as ações com direito a
voto, o governo possui maioria, o que lhe dá o direito de
controlar a empresa: 51%.
A intenção de Lula é aumentar a fatia da União para
além dos 32% do capital total. A expectativa é chegar à
casa dos 40%.
Há entraves para a realização da capitalização da Petrobras na data marcada, 30
de setembro. Além do preço
do barril, uma avaliação política tem pesado na decisão
de manter ou não o cronograma original. Uma ala do governo defende que a capitalização aconteça somente depois de 3 de outubro, o dia do
primeiro turno das eleições.
Na opinião desse grupo,
com a possibilidade de vitória de Dilma Rousseff (PT) no
primeiro turno, haveria
maior interesse privado na
capitalização da empresa.
Afinal, Dilma, quando ministra da Casa Civil e presidente
do Conselho de Administração da Petrobras, foi a principal responsável pelo projeto
de capitalização da estatal.
A Petrobras tem insistido
em manter a data de 30 de setembro porque está preocupada em arregimentar recursos para sustentar seu plano
de investimento para o período de 2011 a 2014, de valor
acima dos US$ 200 bilhões.
Nos bastidores, o governo
promete uma decisão final
até depois de amanhã.
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