São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

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Governo dá nova ajuda a bancos públicos

BNDES e Caixa receberão mais R$ 7 bilhões para manter a capacidade de empréstimo pelos próximos dois anos

Serão R$ 4,5 bi para o BNDES e R$ 2,5 bi para a Caixa; aporte vai ser feito via transferência de ações da Petrobras

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O governo federal liberou uma ajuda de mais R$ 7 bilhões para manter a capacidade de empréstimo do BNDES (banco estatal de desenvolvimento) e da Caixa Econômica Federal nos próximos dois anos.
O objetivo é garantir que os bancos públicos possam manter o ritmo de desembolso no crédito para habitação e empresas e também financiar obras relacionadas à Copa do Mundo de 2014, aos Jogos Olímpicos de 2016 e ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Serão R$ 4,5 bilhões para o BNDES e R$ 2,5 bilhões para a Caixa. O aporte vai ser feito via transferência de ações da Petrobras que pertencem à União. Sem o dinheiro, os bancos ficariam impedidos de fazer novos empréstimos a partir do próximo ano, pois alcançariam o limite mínimo de capital fixado pelo BC.
Para cada R$ 100 emprestados aos clientes, o banco precisa ter R$ 11 de capital (o valor varia de acordo com as características do capital e dos empréstimos).
A Caixa tinha R$ 17,10 no final de junho. O valor sobe agora para R$ 18,60.
Esse é o quarto aporte de recursos para a Caixa desde 2005, no total de R$ 17 bilhões que foram incorporados ao seu capital.
O BNDES já recebeu R$ 180 bilhões do governo nos últimos dois anos, não para reforçar seu capital, mas sim para repassar a empresas.
No caso da Caixa, a soma dos novos recursos com a folga de capital que o banco ainda possui permite dobrar o valor da carteira de crédito da instituição até o final de 2012, de R$ 150 bilhões para R$ 300 bilhões.
No final de 2009, o banco já havia recebido R$ 6 bilhões do Tesouro. Na época, previa aumento de 30% no crédito para este ano. Agora, já projeta expansão de quase 50%, o que levou à necessidade de reforçar seu capital.

MAIS CRÉDITO
Desde a crise de 2008, o governo vem usando os bancos estatais para garantir a liberação de crédito no país, para consumo e investimentos. O crédito nos bancos públicos cresceu 66% no período e representa 42% do total. Nos privados, avançou 18%.
Para bancar esse crescimento, foi preciso capitalizar as instituições. O Banco do Brasil, por exemplo, aumentou seu capital em cerca de R$ 10 bilhões por meio de operações no Brasil e no exterior, com o governo e o setor privado.
No caso do BNDES, o Tesouro Nacional optou por transferir o dinheiro diretamente para empréstimos, já que o banco não tinha problema de capital.
Com o capital reforçado, a Caixa busca agora diversificar as fontes de recursos para aumentar seu "funding" para empréstimos.
O banco obteve R$ 1 bilhão no ano com a emissão de letras financeiras de longo prazo. Deve obter mais R$ 500 milhões até novembro, com a emissão de certificados de recebíveis imobiliários.
De acordo com o vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, o banco se prepara ainda para fazer, em 2011, a primeira captação da sua história no exterior.


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