São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2011

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Maior expansão dos EUA desde 2005 não alivia o desemprego

PIB avança 2,9% em 2010 e supera o nível pré-crise, mas retomada tem resultado tímido no mercado de trabalho

Com a crise, empresas elevam produtividade e não precisam mais da mesma quantidade de trabalhadores

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

A economia norte-americana teve no ano passado o maior crescimento desde 2005, recuperando finalmente após três anos o nível de antes da crise, mas o avanço foi insuficiente para repercutir no mercado de trabalho.
O maior PIB do mundo se expandiu em 2,9% no ano passado, após retroceder 2,6% em 2009 e ficar estagnado em 2008.
Nos últimos três meses de 2010, a economia dos EUA avançou 3,2% (taxa anualizada), animada pelo crescimento dos gastos dos consumidores, que tiveram a maior alta em quase cinco anos.
A expansão fez o PIB norte-americano superar no quarto trimestre o patamar do final de 2007 -ele é agora 0,1% maior que no período pré-crise.
Desde o fim da Segunda Guerra, em nenhum momento a economia americana levou tanto tempo para recuperar as perdas de uma recessão. Historicamente, três anos após o começo de um período recessivo, o PIB americano está, em média, 9,4% maior.
A demora, desta vez, aponta não só o tamanho da Grande Recessão mas também como a recuperação vem sendo lenta e tendo poucas consequências no mercado de trabalho.
Apesar do crescimento da economia, as empresas criaram pouco mais de 1 milhão de vagas no ano passado, o suficiente para atender apenas os novos ingressantes.
Só que mais de 7 milhões de postos foram perdidos na crise, e a taxa de desemprego, hoje em 9,4% (quase o dobro de antes da crise), apenas não é maior porque muita gente desistiu de procurar emprego e não aparece mais nas estatísticas oficiais.


CENÁRIO NEGATIVO
Segundo economistas, um avanço similar ao dos últimos trimestre será insuficiente também para melhorar o cenário neste ano.
Pelos cálculos de Josh Bivens, analista do Economic Policy Institute, um crescimento de 3,2% do PIB em 2011 levaria o desemprego a cair de 9,4% para 9,3% no fim de dezembro.
Um dos problemas é que, com a crise, as empresas tiveram que aumentar a sua produtividade e não precisam mais da mesma quantidade de trabalhadores -salvo se o crescimento econômico se acelerar mais fortemente.
E setores como tecnologia, que têm progredido muito, não exigem muita mão de obra, enquanto os que demandam mais trabalhadores, como construção, continuam afundados em crise e sem perspectiva de melhora.


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