São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

PIB dos EUA é surpreendentemente forte

Consumo se expande no ritmo mais alto em quatro anos e comércio internacional dá grande contribuição ao crescimento


NÃO É FÁCIL DETERMINAR SE O CONSUMO SE SUSTENTARÁ; COM ALTA NA GASOLINA, RENDA FICARÁ RESTRINGIDA

EMILY KAISER
DA REUTERS, EM WASHINGTON

Para um número pior que o projetado, o resultado do PIB norte-americano anunciado ontem parece surpreendentemente forte.
À primeira vista, o crescimento de 3,2% no PIB parece baixo, se considerarmos que os economistas consultados pela Reuters previam 3,5%.
Mas os números demonstram que o consumo cresceu em seu ritmo mais rápido dos últimos quatro anos e que o comércio internacional ofereceu estímulo surpreendentemente grande. As duas coisas apontam para uma economia que está se comportando melhor, um desdobramento importante agora que os efeitos dos gastos de estímulo do governo começam a se dissipar.
Para o Fed, que no início da semana reiterou o compromisso de adquirir US$ 600 bilhões em títulos do governo, o relatório demonstrou que a economia encerrou 2010 com força e alcance razoáveis, mas sem o ímpeto necessário a promover queda rápida em índice de desemprego que atinge os 9,4%.

RETORNO DO CONSUMO
O consumo pessoal contribuiu com pouco mais de três pontos percentuais para o crescimento do quarto trimestre. Isso se enquadra aos balanços de cadeias de varejo, que demonstram uma temporada de festas com resultados de vendas decentes.
Mas não é fácil determinar se o consumo se sustentará.
Muitos grupos de varejo mantêm perspectivas cautelosas e reportam que os compradores continuam em busca de bons preços. Com a alta no custo da gasolina, a renda disponível ficará restringida.
A maior queda no crescimento do quarto trimestre foi nos estoques. Isso deve eliminar dúvidas quanto ao fato de as empresas estarem acumulando estoques mais rápido do que os consumidores se mostravam dispostos a comprá-los. Com estoques enxutos, uma recuperação em seu volume pode estimular o crescimento em 2011.

COMÉRCIO EM ALTA
A maior surpresa veio do comércio externo. As exportações líquidas contribuíram com 3,44 pontos percentuais para o crescimento do quarto trimestre, sua maior contribuição desde 1980.
As importações tiveram efeito positivo, contrariando uma sequência de cinco trimestres de leituras negativas. Uma alta nas importações é mostrada como fator negativo e uma queda como fator positivo.
Os números sugerem que a queda do dólar está ajudando a estimular as exportações, uma prioridade para Barack Obama e parte de sua fórmula para reequilibrar o crescimento mundial.

QUESTÕES DE GOVERNO
Os gastos do governo representaram pequena queda, em larga medida devido a cortes nos gastos estaduais e locais. O governo federal subtraiu 0,1% do crescimento, o que mal se faz sentir do lado negativo da conta.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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