São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2010

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Países emergentes devem elevar juros, afirmam BCs

Para o organismo, cresce o risco de superaquecimento nesses mercados

Muitas políticas de controle de capital externo oferecem só "alívio temporário", de acordo com a entidade

Ajit Solanki/Associated Press
Ato em Ahmadabad (Índia) contra preços de combustíveis

DE SÃO PAULO

As perspectivas de crescimento são mais positivas para os emergentes, mas esses países devem elevar os juros para impedir o superaquecimento, diz o BIS (Banco de Compensações Internacionais, que reúne BCs globais).
Para a entidade, a política monetária dos emergentes, especialmente os asiáticos, vem sendo "acomodatícia", o que aumenta o risco de disparada da inflação e da criação de bolhas de ativos.
"Manter a taxa de juros muito baixa por um período muito longo aumenta o risco de superaquecimento doméstico, inflação, expansão excessiva do crédito e aumento exagerado do preço de ativos", afirmou o BIS.
"Pode não haver alternativa que não o aumento da taxa de juros, uma maior flexibilidade da taxa cambial e a redução da dependência da intervenção no câmbio."
O trecho sobre a intervenção no câmbio parece ter sido um recado à China, já que o país manteve a sua moeda atrelada ao dólar desde meados de 2008, para incentivar a exportação, e, só há pouco mais de uma semana, prometeu mudar essa política.

POLÍTICA MONETÁRIA
Boa parte dos países emergentes tem mantido os juros baixos para incentivar o crescimento econômico, mesmo com a ameaça da inflação.
São ainda raras as economias que retomaram a alta dos juros, caso do Brasil.
Elevar os juros agora pode tornar essas economias mais atrativas para os investidores estrangeiros, que podem pegar dinheiro nos países ricos (com juros muito baixos) e investir nos emergentes, com taxas mais altas e boas perspectivas de crescimento.
Essa forte entrada de capital externo, afirma o BIS, representa uma série de "desafios imediatos" para os emergentes. Para o organismo, uma das saídas é o aumento da flexibilidade cambial.
"Ela [a flexibilidade] pode deter o aumento da exposição do setor privado a imprudências cambiais. Também pode ser especialmente útil em desencorajar a entrada de capital de longo prazo associado com "carry trade" [especulação com dinheiro captado em países de juro baixo]."
Na opinião dele, muitas políticas de controle de capital oferecem apenas "alívio temporário", ao mesmo tempo em que "reduzem a competição no sistema financeiro, distorcem a alocação eficaz de capital e inibem o crescimento econômico".
Em outubro do ano passado, o Brasil adotou medida de controle de capital com a cobrança de 2% de IOF sobre capital estrangeiro.


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