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Lula descumpre meta de abrir economia
Peso do comércio exterior no PIB é quase o mesmo do início da década; país é o mais fechado dos emergentes
Mesmo com retomada
da economia, volume
físico vendido hoje
ao mercado externo é
semelhante ao de 2005
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA
O comércio exterior brasileiro fechará o ano muito distante da meta para a abertura
da economia estabelecida no
primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que isola ainda mais o
país na posição de mais fechado entre os principais
mercados emergentes.
Somadas, exportações e
importações deverão chegar
a algo entre 17% e 18% do
Produto Interno Bruto, praticamente o mesmo percentual do início da década.
Apenas cinco anos atrás,
anunciava-se a duplicação
da taxa de abertura nacional.
"Nosso fluxo de comércio
passou do patamar histórico
de 15% do PIB, até meados
dos anos 1990, para 30% hoje", discursava, em outubro
de 2005, por exemplo, o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, em conferência da OCDE (Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Vivia-se a maior expansão
do comércio global desde os
anos 1970, e Palocci, graças a
um arredondamento generoso, já dava como cumprido o
objetivo fixado para o ano seguinte por seu colega Luiz
Fernando Furlan (Desenvolvimento) e considerado estratégico para o aumento da
eficiência empresarial e da
renda do país.
De lá para cá, no entanto, a
escalada das exportações,
que alimentava o otimismo
oficial, foi estancada -mesmo antes do colapso provocado pela crise financeira de
2008 e do ano passado.
Mesmo com a recuperação
em curso, os volumes físicos
vendidos ao exterior permanecem semelhantes aos de
2005, a despeito da expansão
da economia.
Além disso, um efeito estatístico tornou a taxa de abertura atual inferior até mesmo
aos 21% herdados do governo FHC, embora os fluxos de
comércio tenham crescido
desde então.
DÓLAR
A forte queda das cotações
do dólar inflou o valor do PIB
em moeda norte-americana,
empregado no cálculo da taxa de abertura nacional. Com
o aumento do denominador,
os percentuais ficaram mais
modestos.
O IBGE ainda revisou para
cima o cálculo do PIB em real
dos últimos anos. E o governo não trabalha mais com
metas vinculadas ao PIB.
As idas e vindas do câmbio
tornam mais difícil avaliar a
evolução da abertura econômica -afinal, os patamares
baixos dos anos 1990 também foram calculados com
dólar barato.
Numa conta grosseira, a
corrente de comércio brasileira não passaria hoje dos
25% de um PIB calculado
com um dólar hipotético a
R$ 2,60 -cotação apontada
em estudo do banco de investimento Goldman Sachs como a de equilíbrio no país.
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