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Brasil é lanterna entre os Brics em abertura econômica
Enquanto no país comércio com o exterior representa 24% do PIB, nos demais gigantes chega a ser mais que o dobro
Carga tributária, infraestrutura falha, câmbio e retomada do mercado interno travam exportação, diz analista
DE BRASÍLIA
Iniciadas há 20 anos, as
políticas de liberalização do
comércio exterior proporcionaram avanços reconhecidos pelos analistas, mas ainda não produziram indicadores capazes de destacar o
Brasil no panorama mundial.
"O resumo é que o Brasil
ainda é uma economia muito
fechada", diz Fernando Ribeiro, economista da Funcex
(Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior).
Basta a comparação com
os demais países emergentes: no Sudeste Asiático, Malásia e Tailândia têm comércio superior ao PIB; os gigantes geográficos Rússia, Índia
e China -que, com o Brasil,
compõem a sigla Bric- ficam
na faixa entre 40% e 60%. No
Brasil, eram 24% em 2008.
O Chile, país latino-americano mais aberto, passava
dos 76% em 2008.
Na argumentação de seus
defensores, a abertura amplia o mercado, a rentabilidade, o acesso à tecnologia, a
competitividade e os investimentos das empresas.
FECHAMENTO E CRISE
A economia fechada foi
apontada como um dos fatores que evitaram uma crise
maior no país no ano passado, mas economias mais
abertas como a chinesa e a
indiana também se saíram
bem -ou melhor.
Nos últimos anos, a compra de produtos do exterior
tem avançado com o aumento da renda e do consumo,
mas as exportações enfrentam obstáculos conhecidos.
"O Brasil tem competitividade nas commodities [produtos básicos, como minério
de ferro], mas a indústria de
transformação tem perdido
espaço no mercado internacional", afirma Rogério Souza, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
OBSTÁCULOS
Carga tributária alta e infraestrutura deficiente, fora o
câmbio, prejudicam os produtos brasileiros, aponta o
economista. Mas, com a recuperação da economia internacional e a agenda de
obras em andamento, as
perspectivas para o futuro
são, acredita, favoráveis.
Ribeiro aponta outro motivo para a estagnação das exportações: a recuperação do
mercado interno a partir da
metade da década. "Historicamente, exportação e mercado interno seguem trajetórias opostas: quando um sobe, o outro cai."
(GP)
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