São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2010

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Samsung se diversifica para alcançar topo

Líder em tecnologia, sul-coreana quer avançar em novos segmentos para ser uma das dez maiores empresas do mundo

Companhia fundada em 1938 e que há 41 anos entrou no setor de eletrônica visa ser a número um em câmeras

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

A estratégia é simples. Com uma caneta, o diretor de comunicação da Samsung Electronics, James Chung, explica que as câmeras se dividem entre compactas e DSLR (com troca de lentes).
Para alcançar a liderança mundial nos próximo anos, a empresa sul-coreana investirá em equipamentos híbridos -e o executivo rabisca um gráfico rumo ao infinito.
A marca é pouco conhecida no setor de câmeras, mas a liderança não soa impossível na sede da Samsung, que no ano passado se tornou a maior empresa de tecnologia em faturamento, superando a norte-americana HP.
"Temos a visão de que, se formos fazer, teremos de ser número um, dois ou, no pior dos casos, número três. De outra forma, não há razão para estar no negócio", disse Robert Yi, vice-presidente de relações com o investidor.
Fundada em 1938 como uma empresa de exportação de alimentos, a Samsung tem constantemente se reinventado. Há 41 anos, entrou no setor de eletrônica.
A última grande reformulação foi provocada pela crise asiática de 1997, que quebrou 16 das 30 grandes empresas sul-coreanas. Para escapar da falência, a Samsung passou por uma ampla reestruturação, com a demissão de 50 mil funcionários.
Hoje, a Samsung Electronics é a maior empresa do país, com 80 mil funcionários. Ao todo, o conglomerado foi responsável no ano passado por 20% das exportações sul-coreanas.
A imagem da Samsung avança rápido: foi a marca que mais se valorizou no mundo entre 2009 e este ano, segundo lista com cem empresas feita pela consultoria britânica Millward Brown.
O valor da marca cresceu 80%, chegando a US$ 11,3 bilhões (R$ 20 bilhões), no 68º lugar. A empresa brasileira mais bem colocada foi a Petrobras, com um valor de US$ 9,7 bilhões (e em 73º).
Quase toda a estratégia é definida na sede futurista da Samsung Electronics, em Seul. Com 40 andares, fica ao lado de dois edifícios idênticos, que abrigam a Samsung C&T (setor imobiliário) e a Samsung Life Insurance, empresas menos conhecidas do conglomerado.
Foi ali que a empresa definiu a próxima meta: chegar a US$ 400 bilhões em vendas até 2020, transformando-se numa das dez maiores empresas do mundo. Para isso, planeja alcançar áreas como equipamentos de saúde e desenvolvimento de software.

REPÚBLICA DA SAMSUNG
A importância econômica da empresa gera críticas e preocupações na Coreia do Sul, chamada às vezes de "república da Samsung".
"O grupo Samsung domina tudo na sociedade sul-coreana", diz o professor de economia Kim Sang-Jo, da Universidade Hansung.
"Aproveita seu poderio econômico para contaminar políticos, mídia, juízes, promotores e acadêmicos."
Kim cita o perdão presidencial outorgado em novembro a Lee Kun-hee. Filho do fundador, ele deixara o comando do conglomerado em 2008 em meio a um processo por sonegação e fraude fiscal em que foi condenado a pagar US$ 133,3 milhões, entre multas e impostos.
O presidente Lee Myung-bak justificou a decisão afirmando que o executivo poderia continuar a campanha para o país sediar a Olimpíada de Inverno em 2018. Lee Kun-hee voltou a ocupar o cargo máximo da Samsung.


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