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Samsung se diversifica para alcançar topo
Líder em tecnologia, sul-coreana quer avançar em novos segmentos para ser uma das dez maiores empresas do mundo
Companhia fundada em
1938 e que há 41 anos
entrou no setor de
eletrônica visa ser a
número um em câmeras
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
A estratégia é simples.
Com uma caneta, o diretor de
comunicação da Samsung
Electronics, James Chung,
explica que as câmeras se dividem entre compactas e
DSLR (com troca de lentes).
Para alcançar a liderança
mundial nos próximo anos, a
empresa sul-coreana investirá em equipamentos híbridos
-e o executivo rabisca um
gráfico rumo ao infinito.
A marca é pouco conhecida no setor de câmeras, mas
a liderança não soa impossível na sede da Samsung, que
no ano passado se tornou a
maior empresa de tecnologia
em faturamento, superando
a norte-americana HP.
"Temos a visão de que, se
formos fazer, teremos de ser
número um, dois ou, no pior
dos casos, número três. De
outra forma, não há razão para estar no negócio", disse
Robert Yi, vice-presidente de
relações com o investidor.
Fundada em 1938 como
uma empresa de exportação
de alimentos, a Samsung tem
constantemente se reinventado. Há 41 anos, entrou no
setor de eletrônica.
A última grande reformulação foi provocada pela crise asiática de 1997, que quebrou 16 das 30 grandes empresas sul-coreanas. Para escapar da falência, a Samsung
passou por uma ampla reestruturação, com a demissão
de 50 mil funcionários.
Hoje, a Samsung Electronics é a maior empresa do
país, com 80 mil funcionários. Ao todo, o conglomerado foi responsável no ano
passado por 20% das exportações sul-coreanas.
A imagem da Samsung
avança rápido: foi a marca
que mais se valorizou no
mundo entre 2009 e este ano,
segundo lista com cem empresas feita pela consultoria
britânica Millward Brown.
O valor da marca cresceu
80%, chegando a US$ 11,3 bilhões (R$ 20 bilhões), no 68º
lugar. A empresa brasileira
mais bem colocada foi a Petrobras, com um valor de US$
9,7 bilhões (e em 73º).
Quase toda a estratégia é
definida na sede futurista da
Samsung Electronics, em
Seul. Com 40 andares, fica ao
lado de dois edifícios idênticos, que abrigam a Samsung
C&T (setor imobiliário) e a
Samsung Life Insurance, empresas menos conhecidas do
conglomerado.
Foi ali que a empresa definiu a próxima meta: chegar a
US$ 400 bilhões em vendas
até 2020, transformando-se
numa das dez maiores empresas do mundo. Para isso,
planeja alcançar áreas como
equipamentos de saúde e desenvolvimento de software.
REPÚBLICA DA SAMSUNG
A importância econômica
da empresa gera críticas e
preocupações na Coreia do
Sul, chamada às vezes de "república da Samsung".
"O grupo Samsung domina tudo na sociedade sul-coreana", diz o professor de
economia Kim Sang-Jo, da
Universidade Hansung.
"Aproveita seu poderio
econômico para contaminar
políticos, mídia, juízes, promotores e acadêmicos."
Kim cita o perdão presidencial outorgado em novembro a Lee Kun-hee. Filho
do fundador, ele deixara o
comando do conglomerado
em 2008 em meio a um processo por sonegação e fraude
fiscal em que foi condenado
a pagar US$ 133,3 milhões,
entre multas e impostos.
O presidente Lee Myung-bak justificou a decisão afirmando que o executivo poderia continuar a campanha
para o país sediar a Olimpíada de Inverno em 2018. Lee
Kun-hee voltou a ocupar o
cargo máximo da Samsung.
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