São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2010

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Refeição fora de casa sobe o triplo do que no domicílio

Comida em restaurante fica 8% mais cara em 12 meses; alimentação em casa avança menos que inflação geral

Estabelecimentos embutem custos com mão de obra e aluguel, que subiram com a expansão da economia

VERENA FORNETTI
DO RIO

Apesar da queda no preço dos alimentos nos últimos meses, o valor das refeições feitas fora de casa vem subindo, segundo dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice do IBGE usado como referência para as metas de inflação.
Em 12 meses, enquanto a alimentação no domicílio aumentou 2,53%, a fora de casa teve alta de 7,90%.
Isso significa que o primeiro item subiu menos que a inflação no período, de 4,60%, e que o segundo avançou mais que o índice.
A gerente de pesquisa do IBGE Irene Maria Machado afirma que o preço cobrado nos restaurantes não reage imediatamente à variação do valor dos alimentos.
No início do ano, o preço de alimentos "in natura" subiu em razão das chuvas. Machado destaca que o aumento de preço nos restaurantes pode ser um efeito retardado dessa variação passada.
Agora, com a seca em parte do país, os preços do leite e de alguns outros produtos tendem a sofrer variações.
Entretanto, de acordo com empresários do ramo de restaurantes, um item acaba compensando o outro, e os comerciantes preferem administrar a margem de lucro temporariamente a repassar todas as variações sazonais aos consumidores.
A analista do IBGE também ressalta que as refeições fora de casa embutem os custos de funcionamento dos estabelecimentos, mão de obra e tributos.
Com o aquecimento da economia, o preço dos serviços e a remuneração dos trabalhadores registram expansão. O valor dos aluguéis também tem crescido.
Apesar dessa pressão, Machado diz que, no ano, os índices de preço denotam acomodação da inflação (veja quadro abaixo).

COMER EM CASA
Mesmo com a perspectiva de inflação sob controle, porém, o engenheiro de computação Manuel Sol Bisio, 27, de Brasília, não pensa em voltar a fazer suas refeições na rua. Ele deixou de comer em restaurantes há cerca de quatro meses.
"Eu e a minha mulher almoçávamos perto do trabalho e tínhamos que jantar na rua também. Isso dava quase R$ 100 por dia", afirma.

TENDÊNCIA
Ricardo Bartoli de Angelo, presidente da seção paulista da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), diz que não há -nem deve haver- uma disparada no preço das refeições.
O dirigente afirma que, embora os consumidores tenham agora uma renda maior e queiram sair mais de casa, a estratégia dos empresários é ganhar em escala.
"O comerciante só mexe no preço se não tem outro jeito. Principalmente porque a concorrência no setor é enorme", afirma Angelo.


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