|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Refeição fora de casa sobe o triplo do que no domicílio
Comida em restaurante fica 8% mais cara em 12 meses; alimentação em casa avança menos que inflação geral
Estabelecimentos
embutem custos com
mão de obra e aluguel,
que subiram com a
expansão da economia
VERENA FORNETTI
DO RIO
Apesar da queda no preço
dos alimentos nos últimos
meses, o valor das refeições
feitas fora de casa vem subindo, segundo dados do IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice do
IBGE usado como referência
para as metas de inflação.
Em 12 meses, enquanto a
alimentação no domicílio aumentou 2,53%, a fora de casa
teve alta de 7,90%.
Isso significa que o primeiro item subiu menos que a inflação no período, de 4,60%,
e que o segundo avançou
mais que o índice.
A gerente de pesquisa do
IBGE Irene Maria Machado
afirma que o preço cobrado
nos restaurantes não reage
imediatamente à variação do
valor dos alimentos.
No início do ano, o preço
de alimentos "in natura" subiu em razão das chuvas. Machado destaca que o aumento de preço nos restaurantes
pode ser um efeito retardado
dessa variação passada.
Agora, com a seca em parte do país, os preços do leite e
de alguns outros produtos
tendem a sofrer variações.
Entretanto, de acordo com
empresários do ramo de restaurantes, um item acaba
compensando o outro, e os
comerciantes preferem administrar a margem de lucro
temporariamente a repassar
todas as variações sazonais
aos consumidores.
A analista do IBGE também ressalta que as refeições
fora de casa embutem os custos de funcionamento dos estabelecimentos, mão de obra
e tributos.
Com o aquecimento da
economia, o preço dos serviços e a remuneração dos trabalhadores registram expansão. O valor dos aluguéis
também tem crescido.
Apesar dessa pressão, Machado diz que, no ano, os índices de preço denotam acomodação da inflação (veja
quadro abaixo).
COMER EM CASA
Mesmo com a perspectiva
de inflação sob controle, porém, o engenheiro de computação Manuel Sol Bisio, 27, de
Brasília, não pensa em voltar
a fazer suas refeições na rua.
Ele deixou de comer em restaurantes há cerca de quatro
meses.
"Eu e a minha mulher almoçávamos perto do trabalho e tínhamos que jantar na
rua também. Isso dava quase
R$ 100 por dia", afirma.
TENDÊNCIA
Ricardo Bartoli de Angelo,
presidente da seção paulista
da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), diz que não há -nem
deve haver- uma disparada
no preço das refeições.
O dirigente afirma que,
embora os consumidores tenham agora uma renda
maior e queiram sair mais de
casa, a estratégia dos empresários é ganhar em escala.
"O comerciante só mexe
no preço se não tem outro jeito. Principalmente porque a
concorrência no setor é enorme", afirma Angelo.
Texto Anterior: Estrangeiro poderá ter 100% de empresa aérea brasileira Próximo Texto: Frase Índice
|