|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
EUA planejam injetar mais US$ 500 bi
Compra de títulos pelo BC americano visa estimular economia e baixar juros de longo prazo, com reflexos no Brasil
Fed imprime dinheiro, com juro próximo a zero; fluxo de dólar para o Brasil deve subir, e real, valorizar-se mais
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
A mera expectativa de que
o banco central americano, o
Fed, anunciará em breve a
injeção de US$ 500 bilhões
(um terço do PIB brasileiro e
3,5% do americano) na maior
economia do planeta via
compra de títulos de longo
prazo já levou à queda do dólar e a novos desvios nos fluxos de capitais globais.
Para o Brasil e outros
emergentes, isso pode significar aumento da entrada de
capital estrangeiro na economia, algo que o governo vem
tentando controlar.
A medida, conhecida como relaxamento quantitativo, visa baixar os juros de
longo prazo, aumentando a
liquidez e estimulando a economia. Ação do tipo já foi feita pelos EUA durante a crise
de 2008/2009, quando a
compra de títulos chegou a
US$ 1,725 trilhão.
Na prática, é como imprimir moeda. Com as taxas de
juros já próximas de zero, há
pouco mais que o Fed possa
fazer para estimular a recuperação americana.
Especula-se que a segunda rodada de relaxamento
quantitativo será anunciada
na reunião do órgão que termina na próxima quarta,
mas há dúvidas quanto às
quantias envolvidas e à forma como se dará a ação.
DÓLAR EM QUEDA
Consultas de autoridades
a investidores em Nova York
indicaram que o valor pode
chegar a US$ 1 trilhão. Analistas esperam uma medida
gradual, com compra de
US$ 80 bilhões a US$ 100 bilhões em títulos por mês.
Mesmo com as incertezas,
os reflexos da expectativa
são sentidos dentro e fora
dos EUA desde agosto.
Em trajetória descendente, o dólar voltou a cair diante
do euro ontem. O ouro vem
subindo à espera dos efeitos
da ação do Fed. Nas Bolsas, o
índice Dow Jones ganhou
3,1% em outubro até agora,
após avançar 7,7% em setembro; já o índice S&P 500 subiu 3,6% neste mês, após alta
de 8,8% em setembro.
"Atribuo a especulação em
torno da medida à elevação
dos preços de ações e às pressões de baixa em juros nas últimas semanas. Nesse sentido, o Fed já obteve um sucesso modesto", disse à Folha
David Resler, economista-chefe do banco de investimento Nomura.
"Mas é tarde demais: agora que o mercado está esperando, se ela não vier, o movimento vai parar."
No cenário global, a estratégia provocou neste mês nova fuga de investidores internacionais dos EUA e da Europa em busca de mercados
emergentes.
"O relaxamento vai mesmo aumentar a probabilidade de mais dinheiro fluindo
para o Brasil e outros emergentes, além de mais investimentos arriscados", afirmou
à Folha o economista Uri Dadush, ex-diretor de comércio
internacional do Bird.
Existe também expectativa de pressão inflacionária
dentro e fora dos EUA, o que
pode ser positivo para a economia americana, mais
ameaçada pela deflação.
Texto Anterior: Cotações/Ontem Próximo Texto: Plano do Fed aumenta a tensão para a reunião do G20 na Coreia Índice | Comunicar Erros
|