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Nordeste vive "Chináfrica", com aceleração e gargalos
Investimento aumenta e crédito salta 330%, mas infraestrutura atrapalha
Mercado de imóveis e
negócios têm forte
expansão sobre base
frágil; indícios sugerem
uma "bolha" imobiliária
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO NORDESTE
O mercado imobiliário e os
negócios no Nordeste vivem
uma explosão de preços e de
atividade. Mas a infraestrutura que sustenta o atual ritmo "chinês" pode ser definida como "africana".
Essa "Chináfrica" impõe
vários desafios ao crescimento sustentável da região mais
pobre do Brasil.
Embalado por uma expansão de 330% no crédito nos
últimos cinco anos (a maior
do país, ante 240% no Sudeste), o Nordeste vem atraindo
bilhões de dólares em investimentos, principalmente no
setor imobiliário.
A contrapartida tem sido
maior estresse sobre a infraestrutura e rápido aumento nos preços de imóveis e no
endividamento das famílias.
Alguns já veem indícios de
uma "bolha" imobiliária, inflada pelo crédito farto.
Imóveis comerciais em
Salvador já são vendidos a
R$ 4.000 o m2. É o mesmo valor pago por casas em condomínios fechados em Feira de
Santana, à margem da congestionada BR-116.
No Rio Grande do Norte, a
Folha acompanhou um grupo de investidores estrangeiros ávidos por oportunidades de negócios diante da escassez de opções, atualmente, na Europa e nos EUA.
"Aqui não há terremoto
nem vulcões", dizia o apresentador do Polo Pitangui,
em Natal, ao vender a área
de 2.000 hectares à beira-mar a investidores. Segundo
ele, o local fica a 20 km do
"novo aeroporto" de Natal.
No "novo aeroporto", iniciado em 2004 pela Infraero
em convênio com o Exército,
só existe a pista, concluída e
sem utilização há três anos.
A eletrificação da área ainda é rural (de baixa intensidade), e a água para a obra,
trazida em caminhão-pipa. A
Infraero promete terminar o
aeroporto em 2011.
FALTA DE SANEAMENTO
Além da ausência de terremotos, a região não conta
com saneamento básico adequado. Embora o governo
prometa duplicar o sistema
em 2010, o Rio Grande do
Norte é um dos piores Estados do país nesse quesito.
Seis das principais praias
do Estado estavam impróprias por conta dos níveis de
coliformes fecais no fim de
semana em que os investidores avaliavam suas opções.
Na plateia, entre outros, o
ex-jogador da seleção brasileira Mauro Silva, construtores de campos de golfe e o
britânico Rupert Hayward,
do fundo Salamanca. Ele já
comprou 50% da Ecocil, a
maior construtora de Natal.
Cerca de 70% dos lançamentos da Ecocil são voltados para as classes C e D. Os
preços médios subiram 60%
nos últimos 12 meses.
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