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ANÁLISE
Planejamento e "pensar grande" formam parte do sucesso chinês
RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO
É comum que se menospreze a monumentalidade da
infraestrutura chinesa porque é construída em cima da
destruição ambiental e da
mão de obra barata.
O modus operandi da desigual China tem pontos sombrios, mas não se pode ignorar a eficiência e o planejamento a longo prazo, também comuns no Japão e na
Coreia do Sul, onde há democracia e ótimos salários.
Enquanto o Brasil forma
30 mil engenheiros por ano,
a China forma 400 mil.
Uma visita a qualquer universidade de elite chinesa
também revelará que os alunos estudam aos sábados e
domingos, de manhã à noite,
e sua vontade de progredir é
tão urgente quanto nas linhas de montagem do país.
Cientistas de centros de estudos estatais frequentemente dão palestras aos ministros chineses nos finais de semana. Na escola do Comitê
Central do Partido Comunista, há 2.000 professores treinando burocratas do governo e ensinando novas tendências às autoridades.
Mais de 200 mil chineses
estudam em universidades
americanas, europeias e australianas. Hoje em dia, a
maioria volta para aproveitar
o boom e modernizar o país.
Esse lado caxias explica parte do sucesso chinês.
EXCELÊNCIA
Apesar de 3.000 anos de
história e isolamento, as autoridades não tiveram problemas em convidar suíços
para fazer um estádio olímpico à altura dos seus sonhos,
nem de recorrer aos rivais
históricos japoneses para desenvolver seus trens de alta
velocidade. Pequim quer o
melhor, sem complexos.
Em 2002, o governo chinês
quis ampliar o congestionado porto de Xangai. Decidiu
fazer uma ampliação em alto-mar, sobre duas ilhotas.
Consultores de Roterdã foram contratados para desenhar "o sistema mais moderno do mundo" de logística.
80% do porto já está pronto,
dez anos antes do planejado.
Os vanguardistas prédios do
porto foram criados a partir
de concursos de arquitetura.
Como os Jogos Panamericanos do Rio mostraram, até
orçamentos generosos podem deixar uma infraestrutura "chinafricana".
Nem o caos aéreo de Cumbica, nem a proximidade da
Copa conseguem gerar urgência. Mas nada é mais distante da China atual que o
pensar pequeno.
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