São Paulo, domingo, 30 de maio de 2010

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Sócio da Portugal Telecom pode virar concorrente da Vivo

Entrada do grupo Ongoing no setor pode ser "plano B" dos portugueses caso tenham de vender a Vivo à Telefónica

Teles trocam ameaças e acusações de conflitos de interesse na disputa pela operadora de celular líder no Brasil

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

PT (Portugal Telecom) e Telefónica são sócias na Vivo. A Telefónica é acionista da PT. Esse cruzamento está no centro das acusações portuguesas contra a Telefónica. Os espanhóis ameaçam adquirir a própria PT se ela não vender a sua parte na Vivo.
Mas há um suposto conflito de interesse no conselho de acionistas da própria PT.
A Folha apurou que representantes do grupo Ongoing estiveram na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e disseram-se interessados em arrematar as últimas licenças de 3G (telefonia de terceira geração) do país, que serão leiloadas.
O presidente do Ongoing, Nuno Vasconcellos, negou. "Somos uma empresa de mídia e já estamos na Vivo. Seria um conflito ético até porque não queremos vendê-la", disse.
Dono de cerca de 7% da PT, o Ongoing faz parte do que se chama "núcleo duro" da operadora, com o Banco Espírito Santo e a Caixa Geral de Depósitos.
Juntos, eles detêm 22% da PT e são contrários à venda de sua parcela na Vivo.

PLANO B
Há cerca de 20 dias, os espanhóis ofereceram 5,7 bilhões pela parte da PT na Vivo. A proposta foi negada porque os portugueses consideram a Vivo estratégica.
Sócia da operadora portuguesa, com 10% de participação, a Telefónica afirmou então que poderia fazer uma oferta hostil pela própria PT, uma forma de vencer a resistência sobre a Vivo.
Nos bastidores, os portugueses começaram a fortalecer o "núcleo duro" buscando apoio de acionistas estrangeiros que possam votar contra uma possível oferta hostil da Telefónica.
Ao mesmo tempo, analistas acreditam que o Ongoing poderia estar interessado nas frequências 3G, a serem leiloadas neste ano, somente como uma forma de garantir a atuação da PT no Brasil, caso sua participação na Vivo seja vendida à Telefónica.
Caso perca a Vivo, a PT poderia compor com o Ongoing um consórcio no leilão de 3G.
Se isso ocorrer, a atuação do Ongoing seria parte de um "plano B" para que a PT colocasse em prática uma proposta antiga de seus acionistas: competir com pacotes integrados (telefonia móvel, fixa, internet e TV paga) no Brasil, algo que eles não conseguem fazer tendo os espanhóis como sócios.


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