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MERCADO ABERTO
MARIA CRISTINA FRIAS cristina.frias@uol.com.br
Governo de SP veta cooperativas em licitações
O governo de São Paulo
publicou na última semana
um decreto que proíbe cooperativas de participarem de
licitações para prestação de
serviços ao Estado.
De acordo com a medida,
ficam impedidas cooperativas formadas por trabalhadores que atuam em 15 tipos
de atividades. Na lista há
serviços de limpeza, segurança, recepção, alimentação, telefonia, manutenção,
transporte e outros.
Só empresas privadas poderão participar.
"A decisão foi tomada
sem consultar os interessados, os trabalhadores que se
unem em cooperativas para
formar uma personalidade
jurídica que podia entrar em
licitações, como motoristas
ou bedéis de escolas", afirma Edivaldo Del Grande,
presidente da Ocesp (Organização das Cooperativas de
SP). "Vamos amanhã [hoje]
ao Palácio dos Bandeirantes
tentar entender os motivos."
Segundo o governo, a medida visa proteger a mão de
obra, pois as funções listadas só poderão ser cumpridas por trabalhadores regidos pela CLT (Consolidação
das Leis do Trabalho).
De acordo com Del Grande, mais de 70 mil cooperados sofrerão as consequências do decreto. O governo
informa que não tem cálculos sobre o número de pessoas impactadas.
A medida é fruto de orientação do Superior Tribunal
de Justiça e dos tribunais de
contas do Estado e da União,
segundo o governo, e pode
servir de exemplo para prefeituras e virar tendência.
DO OUTRO LADO
Imagine discutir o pagamento de uma quantia vultuosa com um grupo chinês,
que envia vasta documentação... toda em mandarim. Ou
receber de um cliente saudita que não queria pagar um
frigorífico brasileiro porque
a carne chegou estragada.
"Contratamos um escritório de advocacia local que
acabou por acionar judicialmente a empresa da Arábia
Saudita. Uma das cláusulas
do contrato responsabilizava a importadora pelo seguro da carga", diz o advogado
Octávio José Aronis, do escritório Aronis Advogados, especializado em recuperação
de crédito internacional.
Com dificuldades como
essas, as seguradoras estão
muito mais rigorosas ao operar seguros de crédito para
exportação, acrescenta.
Empresas com débitos no
exterior têm feito excelentes
acordos, graças à valorização da moeda brasileira, diz.
Por outro lado, cobrar dos
desenvolvidos em crise ficou
bem mais difícil.
BOLSA FAMÍLIA DOBRA
A expansão do PIB brasileiro deve ficar abaixo do potencial nos próximos anos.
O número pode ser menor
que 4% em 2011, ante 7% neste ano, diz Luís Fernando Lopes, da Pátria Investimentos.
A baixa qualidade dos
gastos públicos cria tensões
inflacionárias, que elevam a
taxa de juros e desestimulam
investimentos, segundo o
economista-chefe da Pátria.
Entre 2004 e 2009, os gastos do governo federal com o
Bolsa Família, que hoje atende 35 milhões de pessoas,
cresceram R$ 5,8 bilhões e
alcançaram a cifra de R$ 11,1
bilhões no ano passado.
As despesas com os 2,1 milhões de servidores públicos
subiram R$ 78 bilhões no período para R$ 167,1 bilhões.
Embora demonstre solvência do Tesouro, a ampliação dos gastos para evitar a
recessão é insustentável
com o ritmo de expansão
econômica do país, que pode crescer até 10% ao ano,
segundo Lopes.
Brasileiros estão entre os mais otimistas com a situação econômica
A população brasileira está entre as mais otimistas do
mundo com a situação econômica do local em que vive.
O país aparece na 15ª posição
em uma pesquisa realizada
em 117 nações.
Entre os entrevistados,
54% dos brasileiros disseram
que as condições econômicas da cidade ou da área em
que vivem estão melhorando, ante 23% que afirmaram
que está piorando, de acordo
com levantamento global
realizado pela Gallup.
Os mais otimistas são os
chineses, pois 81% das pessoas consultadas disseram
ver melhora na economia.
Apenas 5% afirmaram que a
situação piorou.
Nas Américas, Brasil e Canadá foram os únicos em que
a maioria demonstrou otimismo em relação à situação
econômica local. Na maior
parte dos países da região,
três em cada dez pessoas
veem condições melhores,
como acontece nos Estados
Unidos (30%).
Entre os 22 países em que
menos de 20% disseram que
as condições estavam melhores, 17 são europeus (como
Itália, França, Espanha e
Grécia) ou pertenciam à antiga União Soviética.
A população menos otimista é a da Lituânia. Só 4%
responderam que acreditam
em uma melhora econômica,
ante os 61% pessimistas.
Poucos... Menos da metade dos entrevistados em pesquisa da Abimo (Associação
Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos,
Odontológicos, Hospitalares e
de Laboratórios) negocia com
o Brasil com frequência.
...negócios Quase 30%
raramente compram produto
nacional. O estudo reuniu opiniões de 21 compradores de 13
países, a maioria não está presente na lista de maiores destinos das exportações nacionais, como Bolívia, Israel, Malásia, entre outros.
Muitas... A indústria
médico-hospitalar e odontológica brasileira espera exportar US$ 650 milhões neste ano, com alta de 17% ante
2009, segundo a Abimo.
...expectativas Durante a nona Rodada Internacional de Negócios, no mês
passado, 46 fabricantes brasileiras prospectaram US$
14,6 milhões em negócios
para 2011, superando em
10% o volume de 2009. Foram feitas reuniões com
compradores de Argélia, Bolívia, Egito, Israel e outros.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e FLÁVIA MARCONDES
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