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União gastou mais do que arrecadou
Contas públicas registraram em maio o pior resultado em mais de dez anos, com deficit de R$ 510 milhões
Resultado positivo
de Estados, municípios e estatais garantiu um superavit primário de R$ 1,4 bilhão no mês
EDUARDO CUCOLO
LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA
Os cortes no Orçamento de
2010 ainda não tiveram reflexos nas contas do governo federal, que registraram em
maio o pior resultado em
mais de dez anos.
As despesas da União (Tesouro Nacional, Previdência
Social e Banco Central) superaram as receitas em R$ 510
milhões no mês passado,
maior deficit para meses de
maio da série iniciada em
1999, segundo o Ministério
da Fazenda.
Com uma metodologia diferente, o BC verificou um deficit de R$ 1,4 bilhão nas contas da União, o pior para
maio da série histórica.
Também foram divulgadas ontem as contas do setor
público. Segundo dados do
BC, Estados, municípios e estatais de todas as esferas terminaram o mês passado com
as contas no azul, o que compensou o resultado negativo
do governo federal.
No mês passado, o setor
público registrou um superavit primário (economia para
pagar os juros da dívida) de
R$ 1,4 bilhão. É o segundo
pior resultado para maio,
atrás apenas de 2009.
MERCADO
O número ficou muito
abaixo das estimativas do
mercado, que chegavam a
R$ 7 bilhões. Para analistas,
a arrecadação aumentou
aquém do esperado, e os gastos com custeio e investimentos permaneceram elevados.
O Tesouro Nacional e o
Banco Central atribuem essa
piora ao aumento de 80%
nos investimentos, que alcançaram R$ 16,6 bilhões em
cinco meses.
Em termos nominais, no
entanto, pesaram os gastos
com a manutenção da máquina pública. Nos cinco primeiros meses do ano, as despesas de custeio subiram
25,5%, ou R$ 10,2 bilhões a
mais na comparação com o
mesmo período de 2009.
Segundo o secretário do
Tesouro Nacional, Arno Augustin, a redução de gastos
anunciada pelo governo no
começo do ano só terá impacto a partir de junho.
Augustin negou que o aumento nos gastos com investimentos seja impulsionado
pelo ano eleitoral.
Segundo ele, isso se deve à
maturação das obras do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), que funciona
como uma espécie de carro-chefe da candidata do PT à
Presidência, Dilma Rousseff.
RESULTADO NO ANO
No ano, a economia do setor público soma R$ 38 bilhões, 19% acima do registrado no mesmo período de
2009, quando a arrecadação
foi prejudicada pela crise.
Em relação a 2008, no entanto, caiu 47%.
O resultado em 12 meses
está positivo em R$ 70,7 bilhões, o equivalente a 2,13%
do PIB. A meta é chegar a
3,3% do PIB até o fim do ano.
Apesar da piora nas contas, o principal indicador para medir o endividamento do
setor público (relação dívida/PIB) segue em queda. Em
maio, passou de 41,8% para
41,4% do PIB.
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