São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2010

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ANÁLISE ENERGIA

Reajuste para gasolina e diesel é improvável até o final de 2011

WALTER DE VITTO
CAMILA SAITO

ESPECIAL PARA A FOLHA Desde a deflagração da crise mundial, em meados de 2008, os preços da gasolina e do óleo diesel praticados pelas refinarias nacionais vêm se mantendo acima das cotações do mercado externo, mesmo após a queda no mercado interno, ocorrida em junho do ano passado.
Contudo, com a contínua trajetória de recuperação das cotações do petróleo verificada desde meados do ano passado, esse diferencial de preços se reduziu. A expectativa para os próximos meses é que as cotações domésticas fiquem relativamente equiparadas às internacionais. Dessa forma, não acreditamos que devam ocorrer reajustes nos preços internos da gasolina e do óleo diesel até o final de 2011.
Nossa estimativa para o preço externo da gasolina em 2010 é de altas de 16% ante 2009 e de 3% em 2011. Para o óleo diesel, as projeções contemplam acréscimos de 20,5% e de 2%, respectivamente. Caso esse cenário se concretize, o preço externo da gasolina ficaria ligeiramente acima do interno, em 1,4%, para o período de julho de 2010 a dezembro de 2011.
Já os preços domésticos do óleo diesel ainda estariam acima das cotações internacionais, com defasagem média de 7% no período. Apesar de as cotações da gasolina e do óleo diesel não estarem sujeitas a nenhum tipo de regulamentação, na prática a elevada concentração do mercado nas mãos da Petrobras permite que a empresa e o governo interfiram na formação de preços.
Ocorre que, como a maioria dos demais componentes do preço desses combustíveis -impostos, custos de frete e margens- variam pouco ao longo do tempo, o preço cobrado pelas refinarias acaba sendo o principal balizador dos custos ao consumidor final.
O governo pode ainda lançar mão da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e do percentual de biocombustíveis no produto final como meios de interferir na dinâmica de preços dos combustíveis. Em 2003, com a mudança de governo, foi possível identificar uma mudança no padrão das correções por parte da estatal.
Até meados daquele ano, os preços internos acompanhavam de perto a evolução no mercado internacional, sofrendo reajustes com maior frequência.
Desde então, as correções ficaram mais espaçadas -política que produziu defasagens entre os preços domésticos e os praticados no mercado externo.
Como os preços domésticos da gasolina e do óleo diesel não seguem de perto o mercado internacional e não há uma regra explícita para os reajustes, o acompanhamento da evolução da defasagem entre os preços é o principal instrumento para tentar antever correções.
De modo geral, a Petrobras costuma considerar a defasagem média desde o último reajuste e aquela "na ponta" do preço da gasolina no mercado doméstico em relação ao praticado no mercado internacional.


WALTER DE VITTO e são analistas de energia da Tendências Consultoria.



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