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ANÁLISE ENERGIA
Reajuste para gasolina e diesel é improvável até o final de 2011
WALTER DE VITTO
CAMILA SAITO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Desde a deflagração da crise mundial, em meados de
2008, os preços da gasolina e
do óleo diesel praticados pelas refinarias nacionais vêm
se mantendo acima das cotações do mercado externo,
mesmo após a queda no mercado interno, ocorrida em junho do ano passado.
Contudo, com a contínua
trajetória de recuperação das
cotações do petróleo verificada desde meados do ano passado, esse diferencial de preços se reduziu.
A expectativa para os próximos meses é que as cotações domésticas fiquem relativamente equiparadas às internacionais.
Dessa forma, não acreditamos que devam ocorrer reajustes nos preços internos da
gasolina e do óleo diesel até o
final de 2011.
Nossa estimativa para o
preço externo da gasolina em
2010 é de altas de 16% ante
2009 e de 3% em 2011.
Para o óleo diesel, as projeções contemplam acréscimos de 20,5% e de 2%, respectivamente.
Caso esse cenário se concretize, o preço externo da
gasolina ficaria ligeiramente
acima do interno, em 1,4%,
para o período de julho de
2010 a dezembro de 2011.
Já os preços domésticos do
óleo diesel ainda estariam
acima das cotações internacionais, com defasagem média de 7% no período.
Apesar de as cotações da
gasolina e do óleo diesel não
estarem sujeitas a nenhum tipo de regulamentação, na
prática a elevada concentração do mercado nas mãos da
Petrobras permite que a empresa e o governo interfiram
na formação de preços.
Ocorre que, como a maioria dos demais componentes
do preço desses combustíveis -impostos, custos de
frete e margens- variam
pouco ao longo do tempo, o
preço cobrado pelas refinarias acaba sendo o principal
balizador dos custos ao consumidor final.
O governo pode ainda lançar mão da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e do percentual de biocombustíveis no
produto final como meios de
interferir na dinâmica de preços dos combustíveis.
Em 2003, com a mudança
de governo, foi possível identificar uma mudança no padrão das correções por parte
da estatal.
Até meados daquele ano,
os preços internos acompanhavam de perto a evolução
no mercado internacional,
sofrendo reajustes com
maior frequência.
Desde então, as correções
ficaram mais espaçadas
-política que produziu defasagens entre os preços domésticos e os praticados no
mercado externo.
Como os preços domésticos da gasolina e do óleo diesel não seguem de perto o
mercado internacional e não
há uma regra explícita para
os reajustes, o acompanhamento da evolução da defasagem entre os preços é o
principal instrumento para
tentar antever correções.
De modo geral, a Petrobras
costuma considerar a defasagem média desde o último
reajuste e aquela "na ponta"
do preço da gasolina no mercado doméstico em relação
ao praticado no mercado internacional.
WALTER DE VITTO e são
analistas de energia da Tendências
Consultoria.
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