São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bolsa cai 3,5% em dia de tensão global

Indicadores negativos da China e dos Estados Unidos preocupam investidores, e mercados têm forte tombo

Queda da Bovespa é a maior desde fevereiro; dólar avança 1,6% e fecha a R$ 1,811, e Dow Jones recua 2,6%


EPAMINONDAS NETO
DE SÃO PAULO

Uma combinação rara de más notícias, com origem nas principais forças da economia mundial, assombrou os mercados na rodada de ontem.
A onda de nervosismo global se precipitou a partir das Bolsas asiáticas, com as perdas de 1,3% em Tóquio, de 2,3% em Hong Kong e de 4,3% em Xangai.
Poucas horas depois, as Bolsas europeias adicionaram mais adrenalina ao dia do mercado, registrando quedas de 3,1% em Londres, de 3,3% em Frankfurt e de 4% em Paris.
No continente americano, a derrocada não foi menor: a Bolsa de Nova York cedeu 2,6%, enquanto a Bovespa amargou perdas de 3,5%, o pior tombo registrado desde o início de fevereiro.
O investidor, que se ausentou na segunda devido ao jogo do Brasil, voltou com força total: o giro ultrapassou a casa dos R$ 7 bilhões, acima da média do mês.
O alvo foram as ações de empresas baseadas em commodities, como Vale (queda de 4,8%), Gerdau (3,95%) e OGX (6,89%), mas não poupou os papéis de outros setores, a exemplo das ações dos maiores bancos brasileiros -BB, Itaú e Bradesco-, que caíram cerca de 4%.
No mercado de câmbio doméstico, o dólar comercial atingiu a marca de R$ 1,811, numa forte alta de 1,6%, após oscilar entre R$ 1,79 e R$ 1,81 durante o dia.
"Foi uma conjunção muito forte de notícias ruins, com foco na China", sintetiza Raffi Dokuzian, superintendente da Banif Corretora.
"Nossa Bolsa é pura commodity. Se realmente a economia chinesa se desacelerar, esse país compra menos [do exterior] e isso afeta Vale e muitas outras empresas."
O desastre começou logo pela manhã, quando os mercados repercutiram uma sondagem privada, que identificou um ritmo mais lento para a economia da China a partir de abril. Num momento de crise na Europa e de recuperação claudicante nos EUA, a perspectiva de que a "locomotiva" da economia global perca ímpeto não caiu bem.

EUROPA
O desastre já tinha como pano de fundo a expectativa por um "teste de fogo" dos bancos europeus, que devem devolver bilhões de euros ainda nesta semana, por conta de empréstimos de emergência tomados no auge da crise.
Mas o verdadeiro "nocaute" dos mercados veio dos EUA, onde uma pesquisa influente mostrou uma deterioração não prevista da confiança do consumidor na economia. O consumo é uma das principais alavancas para o crescimento do país.
Sem dinheiro e sem ânimo para voltar às compras, o trabalhador não movimenta o circuito econômico, justamente num momento em que expiram alguns dos subsídios da Casa Branca para combater a crise.


Texto Anterior: Análise/Energia: Reajuste para gasolina e diesel é improvável até o final de 2011
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.