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Bolsa cai 3,5% em dia de tensão global
Indicadores negativos da China e dos Estados Unidos preocupam investidores, e mercados têm forte tombo
Queda da Bovespa é
a maior desde fevereiro; dólar avança 1,6%
e fecha a R$ 1,811,
e Dow Jones recua 2,6%
EPAMINONDAS NETO
DE SÃO PAULO
Uma combinação rara de
más notícias, com origem
nas principais forças da economia mundial, assombrou
os mercados na rodada de
ontem.
A onda de nervosismo global se precipitou a partir das
Bolsas asiáticas, com as perdas de 1,3% em Tóquio, de
2,3% em Hong Kong e de
4,3% em Xangai.
Poucas horas depois, as
Bolsas europeias adicionaram mais adrenalina ao dia
do mercado, registrando
quedas de 3,1% em Londres,
de 3,3% em Frankfurt e de
4% em Paris.
No continente americano,
a derrocada não foi menor: a
Bolsa de Nova York cedeu
2,6%, enquanto a Bovespa
amargou perdas de 3,5%, o
pior tombo registrado desde
o início de fevereiro.
O investidor, que se ausentou na segunda devido ao jogo do Brasil, voltou com força total: o giro ultrapassou a
casa dos R$ 7 bilhões, acima
da média do mês.
O alvo foram as ações de
empresas baseadas em commodities, como Vale (queda
de 4,8%), Gerdau (3,95%) e
OGX (6,89%), mas não poupou os papéis de outros setores, a exemplo das ações dos
maiores bancos brasileiros
-BB, Itaú e Bradesco-, que
caíram cerca de 4%.
No mercado de câmbio doméstico, o dólar comercial
atingiu a marca de R$ 1,811,
numa forte alta de 1,6%,
após oscilar entre R$ 1,79 e
R$ 1,81 durante o dia.
"Foi uma conjunção muito
forte de notícias ruins, com
foco na China", sintetiza Raffi Dokuzian, superintendente da Banif Corretora.
"Nossa Bolsa é pura commodity. Se realmente a economia chinesa se desacelerar, esse país compra menos
[do exterior] e isso afeta Vale
e muitas outras empresas."
O desastre começou logo
pela manhã, quando os mercados repercutiram uma sondagem privada, que identificou um ritmo mais lento para
a economia da China a partir
de abril. Num momento de
crise na Europa e de recuperação claudicante nos EUA, a
perspectiva de que a "locomotiva" da economia global
perca ímpeto não caiu bem.
EUROPA
O desastre já tinha como
pano de fundo a expectativa
por um "teste de fogo" dos
bancos europeus, que devem
devolver bilhões de euros
ainda nesta semana, por conta de empréstimos de emergência tomados no auge da
crise.
Mas o verdadeiro "nocaute" dos mercados veio dos
EUA, onde uma pesquisa influente mostrou uma deterioração não prevista da confiança do consumidor na
economia. O consumo é uma
das principais alavancas para o crescimento do país.
Sem dinheiro e sem ânimo
para voltar às compras, o trabalhador não movimenta o
circuito econômico, justamente num momento em que
expiram alguns dos subsídios da Casa Branca para
combater a crise.
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