São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2011 |
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FOCO Ambição e grandes litígios marcam a carreira de Abilio
FREDERICO VASCONCELOS DE SÃO PAULO Abilio dos Santos Diniz é um dos remanescentes do grupo de líderes empresariais que foi influente no início da abertura democrática. Sobreviveu à globalização, enfrentou períodos de ostracismo, mas continua na vitrine com as mesmas características, qualidades e defeitos que marcaram sua trajetória como empreendedor: grande ambição, capacidade de alimentar litígios e desavenças -no atacado ou no varejo- para manter o comando dos negócios. A associação do Pão de Açúcar com o Carrefour tem muito desses ingredientes. Sem falar na conhecida receita que já fermentou vários impérios do capitalismo brasileiro: o bom e velho dinheirinho do BNDES, porta onde foi bater para viabilizar a anunciada megafusão. No mesmo dia em que a operação ganha as manchetes dos jornais, o grupo francês Casino publica, com destaque, um comunicado em que acusa Abilio de sonegar informações aos próprios sócios e ao mercado, frustrando acordo de acionistas. Esse prenúncio de disputas judiciais pode ser apenas mais um round para esse amante das competições, empresário-desportista. Muito antes de os chamados "homens do ano", principalmente industriais paulistas, indicarem e "fritarem" ministros, Abilio recebeu Tancredo Neves em casa, em 1984, para conversar com um seleto grupo de empresários. Devido a uma controvertida remarcação de preços em seus supermercados no início do Plano Cruzado (1986), Abilio foi considerado o "inimigo público número um". No governo Sarney, influenciou na indicação de um executivo de seu grupo, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, para o Ministério da Fazenda. O supermercadista ganharia assento no Conselho Monetário Nacional. O roteiro das sociedades desfeitas registra desentendimentos, entre outros, com os grupos Klein e Sendas. Os que conhecem de perto o temperamento explosivo do empresário relembram as desavenças familiares entre os Diniz. O auge desses embates aconteceu quando o grupo ocupava um moderno conjunto, com apoio da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), antes de encolher e retornar para o local de origem, onde em 1948 nasceu a Doçaria Pão de Açúcar. Por ironia, anos depois o grupo ficaria famoso com o bordão "Pão de Açúcar, lugar de gente feliz". Texto Anterior: Foco: Número 1 do Casino era voz liberal da era Mitterrand Próximo Texto: Proibida a venda de aparelhos elétricos com plugue antigo Índice | Comunicar Erros |
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