São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2011

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FOCO

Número 1 do Casino era voz liberal da era Mitterrand

DE SÃO PAULO

Um gênio das finanças discreto, mas muito vaidoso.
Jean-Charles Naouri, 62, principal executivo do Casino, é um dos homens de negócio mais poderosos da França, mas não engole o fato de "ter se enganado" em relação a Abilio Diniz.
Foi ele quem comprou (e pagou caro) o comando do Pão de Açúcar, do qual poderá jamais usufruir (deveria assumir em 2012) se for diluído entre acionistas financeiros do rival Carrefour.
Garoto prodígio nascido na Argélia, então colônia francesa, ganhou distinção cedo em latim e grego, entrou na universidade com 15 anos, estudou em Harvard (EUA) e concluiu doutorado em matemática em apenas um ano.
Participou nos anos 1980 do governo socialista de François Mitterrand, como chefe de gabinete do Ministério das Finanças.
Apesar do governo nacionalista de esquerda, Naouri teve papel importante na modernização dos mercados e na desregulamentação da economia francesa.
Fora do governo esquerdista, Naouri surpreendeu quando foi trabalhar no banco Rothschild, então um dos mais conservadores do país.
Paralelamente tocou seu fundo de investimento, o Euris, especializado em administrar participações minoritárias em empresas problemáticas, mas de potencial.
Chegou ao Casino em 1997, quando o grupo varejista Promodés fizera uma oferta hostil para comprá-lo.
Jean-Charles se juntou à família Guichard, fundadora da rede supermercadista, e aos funcionários e conseguiu preservar a independência do grupo. Acabou virando seu maior acionista em 1998 -tem hoje 42%.
Só em 2005, Jean-Charles assumiu o comando do Casino, modificando o negócio de varejo e priorizando a abertura de pequenas lojas.
Foi vendendo as atividades pouco rentáveis na Polônia, nos EUA e na Holanda. Reforçou a presença em países em crescimento, como Brasil e Colômbia.
Na França, desenvolveu as marcas Monoprix, Franprix e as populares Leader Price e Prix Gagnant, entre outras.
Em 1999, foi acusado de manobra para comprar a participação do rival Carrefour no grupo belga Cora. À época, o Carrefour foi obrigado a vendê-la porque comprara uma varejista portuguesa. O Casino tinha uma central de compras com o Cora e acordo que vedava a participação acionária de um no outro.
(TONI SCIARRETTA)


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