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Acordo de acionistas não dá poder de veto à PT
Ela terá de se unir a outros investidores
ELVIRA LOBATO
DO RIO
O acordo de acionistas da
Telemar Participações, controladora do grupo Oi, não dá
à Portugal Telecom poder de
veto nas questões mais relevantes da companhia.
Na opinião de dois ex-presidentes da CVM (Comissão
de Valores Mobiliários) ouvidos pela Folha, os portugueses terão de se aliar a outros
acionistas para vetar propostas que lhes desagradem.
A Portugal Telecom, segundo foi anunciado anteontem no Brasil e em Portugal,
terá 10% das ações da Telemar Participações. Ela precisaria ter pelo menos 16,1% de
participação na holding para
ter poder de veto.
""Sozinha, ela não poderá
fazer nada. Vai ter de se unir
a outros acionistas para obter
o quorum mínimo para veto", afirmou o advogado Ary
Oswaldo Mattos Filho, que
presidiu a CVM entre os anos
de 1990 e 1992.
Em abril de 2008, durante
a negociação da compra da
Brasil Telecom, os acionistas
da Telemar Participações fizeram um acordo para reger
a relação entre os sócios na
companhia.
O acordo estabelece três
quoruns mínimos para aprovação das questões estratégicas da companhia. Para alterar o estatuto e aprovar contratos acima de R$ 50 milhões, que não foram previstos no orçamento anual, é
preciso que os donos de
66,67% das ações ordinárias
estejam de acordo.
Para mudar o orçamento e
aprovar empréstimos com
valor superior a 2% do patrimônio líquido da companhia, o mínimo é de 70%. Os
assuntos mais graves, como
a venda de ações que levem à
perda de controle acionário,
exigem a aprovação de 84%.
""A questão é aritmética.
Com 10%, a Portugal Telecom não terá voto suficiente
dentro da holding para vetar
sozinha", diz Jorge Hilário
Gouvêa Vieira, que presidiu a
CVM de 1989 a 1991.
Anteontem, o presidente
do grupo Andrade Gutierrez
(que faz parte do bloco de
controle da Oi), Otávio Azevedo, afirmou que o acordo
de acionistas da holding não
será modificado, porque seria muito complexo. O grupo
português vai aderir ao acordo existente, afirmou o executivo.
VETO INDIRETO
Na avaliação dos ex-presidentes da CVM, a Portugal
Telecom deve negociar um
poder de veto, indireto, na
Oi, ao comprar 35% do capital das empresas Andrade
Gutierrez Participações e LF
Tel (grupo Jereissati), que
têm a gestão da tele.
Serão assinados acordos
de acionistas específicos em
cada uma das duas empresas. Para os especialistas, a
Portugal Telecom pode costurar um acordo para influenciar as decisões desses
dois grupos na holding Telemar Participações e ter, assim, poder de veto indireto.
Mattos Filhos diz que, pelas informações divulgadas
oficialmente pelas empresas,
a Oi continua sob controle
brasileiro e não é correto que
a Portugal Telecom vá se tornar a maior acionista da tele,
após a conclusão do negócio.
""O grupo português vai
participar em empresas controladas pela Telemar Participações de forma diluída",
diz o advogado.
A PT aceitou pagar até
R$ 8,4 bilhões para ser acionista minoritária da Oi e continuar no mercado brasileiro.
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