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ANÁLISE SUINOCULTURA
Consumo de carne suína no Brasil ainda é muito pequeno
JOSÉ VICENTE FERRAZ
ESPECIAL PARA A FOLHA
O consumo per capita brasileiro de carne suína, calculado a partir do consumo total aparente, situa-se próximo de 14 quilos por habitante
por ano.
Trata-se de um consumo
muito modesto quando comparado aos mais de 40 quilos
consumidos na União Europeia e ao pouco menos do
que isso na China.
O baixo consumo do país é
atribuído, em grande parte,
ao fato de praticamente não
se consumir carne suína "in
natura" no Brasil (exceto como pertences de feijoada).
O consumo no país está
muito concentrado na forma
de produtos industrializados
(salames, presuntos, linguiças etc.) que, de modo geral,
são considerados caros e,
portanto, inibem um maior
consumo.
Várias entidades têm tentado, nos últimos anos, estimular o consumo de carne
suína no Brasil. No entanto,
os resultados não têm sido
muito animadores.
Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) de
2008/09, as famílias brasileiras gastam com carne suína
"in natura", em média, menos de 1% do total das suas
despesas com alimentação
no domicílio.
A evolução do consumo
per capita brasileiro de carne
suína confirma que os avanços nesse sentido são bastante tímidos (cerca de 10% em
cinco anos), indicando que,
para atingir o consumo da ordem de 20 quilos por habitante ano (ainda relativamente baixo), serão necessários muitos anos.
Talvez seja necessário investigar com maior profundidade os obstáculos a uma
maior expansão do consumo
de carne suína.
PRECONCEITO
Questões ligadas à "saudabilidade" da carne, praticidade de preparo e culturais
diversas podem ter um peso
maior do que se imagina.
A questão cultural, por
exemplo, fica evidente quando se observa que nas regiões
Sul e Sudeste do país -cujas
populações têm uma maior
influência europeia- os gastos com carne suína são, proporcionalmente em relação
aos gastos totais com alimentação, mais do que o triplo
dos da região Norte, por
exemplo.
O preconceito quanto à
carne suína não ser saudável
talvez fique claro quando se
observa que as famílias pertencentes aos estratos de renda mais altos (na pesquisa
2008/09, as com renda mensal superior a R$ 10.375) gastam, com a carne suína, proporcionalmente aos seus
gastos totais com alimentação, menos do que gastam as
famílias com renda mensal
inferior a R$ 830.
Um consumo interno mais
robusto seria altamente positivo, pois permitiria à carne
suína ganhar maior competitividade nas exportações, já
que uma base de consumo
interno maior gera estabilidade para a cadeia produtiva
e ganhos de escala.
A atividade seguramente
aumentaria de porte, gerando ganhos de renda para um
grande contingente de médios e pequenos produtores
rurais, com reflexos positivos
sobre toda a cadeia de fornecedores de insumos para a
atividade da suinocultura.
JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro
agrônomo e diretor técnico da AgraFNP.
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