São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2010

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Bric vive conflito comercial e de articulação política

Um dos principais desafios do Bric é o conflito entre o interesse em uma atuação orquestrada em questões internacionais e a competição comercial direta da China com o Brasil, que afeta as exportações brasileiras para os EUA e para a América Latina.
Dos 806 produtos que só o Brasil exportava para os EUA em 2002, só 193 continuaram sendo exclusividade quatro anos depois, enquanto 282 passaram a ser divididos com a China e 161 ficaram só com os chineses.
Os demais 170 ou não foram mais demandados pelos EUA ou migraram para outras fontes fornecedoras.
Os dados são do estudo "A Competitividade do Brasil e da China no Mercado Norte-Americano: 2000-2008", de Marina Filgueiras e Honório Kume, que conclui que China e Brasil aumentaram o número de produtos exportados aos EUA, mas com grande vantagem dos chineses.
O estudo faz parte do livro "O Brasil e os Demais Brics- Comércio e Política", editado por Cepal e Ipea.
O Brasil também sofre com a China nos países latinos.
Boa parte da competitividade do Brasil em relação à Índia e à Rússia está na América Latina. É aí, porém, que o país tem perdido mercado para a China.
O livro também analisa a articulação política do Brasil, o único dos quatro países que não é potência nuclear e que não tem assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, diferentemente da China e da Índia. Pode ser desvantagem, por ter menos poder de influência. Ou vantagem, já que pega "carona" na influência dos outros para alavancar a diplomacia.

ESTRELA DE BELÉM
José Olympio Pereira, corresponsável pelo banco de investimentos do Credit Suisse, afirma que ainda não será no segundo semestre que os IPOs (emissões iniciais de ações na Bolsa de Valores) vão realmente deslanchar, como espera muita gente no mercado, embora os números já tenham melhorado muito (veja quadro).
Houve mais apetite para emissões secundárias do que para IPOs porque, em momentos de crise, é mais fácil comprar ações de empresas conhecidas, diz.
O banco observa a expansão de investimentos de mercados emergentes, inclusive da China, mas ainda estão ausentes investidores com grande poder de fogo. "Faltam vir os do Oriente Médio."

Nos eixos 1 A partir de junho, uma van irá percorrer o município de Guarulhos (SP) para abordar microempreendedores que atuam na informalidade. Eles são estimados em 89 mil na cidade. O objetivo é dar orientação para tirá-los da situação irregular.

Nos eixos 2 Parceria do Sebrae e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico local, a ação irá facilitar a obtenção de CNPJ, que permitirá a abertura de conta bancária, pedidos de empréstimos e emissão de notas fiscais. Também será feita a inclusão no Simples.

ENERGIA NA ÁFRICA
As obras de reconstrução após o terremoto que atingiu o Chile ampliaram a atuação da Poit Energia -empresa brasileira de locação de geradores para infraestrutura temporária- no país.
A empresa já trabalha no país vizinho há quatro anos, mas, nos últimos meses, após a tragédia, atingiu taxa de ocupação máxima, segundo o fundador Wilson Poit. A companhia decidiu abrir nova filial, em Concepción, e fazer mais investimentos para fornecer infraestrutura temporária para as obras.
A Poit também acaba de abrir um escritório de representação em Johannesburgo, para atuar em Angola, em Moçambique e na África do Sul.
"A região tem hoje como potenciais clientes as grandes mineradoras, os governos, as concessionárias de energia, os portos e também as empreiteiras brasileiras de grandes obras", afirma Poit.
A empresa também está na Argentina e no Peru.

GOVERNO MAPEIA INCENTIVOS NO EXTERIOR

O Ministério das Relações Exteriores irá mapear os incentivos oferecidos na África e na América Latina para auxiliar as empresas brasileiras a identificarem oportunidades de investimentos.
Entre as vantagens notadas até agora pelo ministério, antes da conclusão do levantamento (que será divulgado em junho), estão renúncia fiscal, desconto nos custos de energia e isenção de tributos na aquisição de terrenos.
"Alguns países oferecem vantagens para empresas que mandam produtos semiacabados para serem finalizados, como camisetas sem mangas, o que gera emprego local", diz Norton Rapesta, diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do ministério.
Na Colômbia, por exemplo, é possível conseguir incentivos tributários de acordo com o local escolhido, segundo Rapesta.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e FLÁVIA MARCONDES


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