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CEF busca fonte para crédito imobiliário
À procura de alternativas para financiar a casa própria, banco prepara a 1ª emissão de títulos de sua carteira
Com a demanda em alta, setor prevê que em breve a poupança não será suficiente para atender os pedidos
GIULIANA VALLONE
MARIANA SALLOWICZ
DE SÃO PAULO
A Caixa Econômica Federal deve fazer a emissão do
primeiro pacote de securitização de sua carteira de crédito imobiliário neste ano,
para levantar recursos.
A securitização consiste
na transformação da carteira
de crédito em um ativo financeiro. A instituição divide a
carteira em partes e as vende
como títulos no mercado.
O comprador é remunerado no longo prazo com uma
taxa de juros que varia de
acordo com o papel. O banco,
por sua vez, consegue, ao
vender esses títulos, antecipar o recebimento dos recursos dos financiamentos.
De acordo com o vice-presidente de governo do banco,
Jorge Hereda, a operação terá
volume pequeno e servirá como teste para um lançamento maior em 2011.
A emissão será feita por
meio de CRIs (Certificados de
Recebíveis Imobiliários).
A ideia da Caixa é buscar
uma fonte alternativa de recursos para o crédito habitacional, que hoje vêm basicamente da poupança e do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço).
De acordo com estudos da
Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito
Imobiliário e Poupança), os
recursos da caderneta para
financiamento à casa própria
chegarão ao limite até 2013. A
partir daí, as instituições terão de buscar outras fontes
de recursos.
"O crédito imobiliário está
crescendo num ritmo muito
acelerado e, em um determinado momento, a poupança
não vai ter mais recursos para atender a demanda futura", diz Luiz Antonio França,
presidente da entidade.
RITMO ACELERADO
No acumulado do primeiro trimestre, os financiamentos imobiliários com recursos
da poupança atingiram R$
9,98 bilhões, alta de 70% sobre o mesmo período do ano
passado, segundo a Abecip.
No mesmo período, a captação líquida da caderneta
cresceu apenas 1%, em
R$ 2,53 bilhões.
"Em países como o México
e o Chile, a relação entre a
carteira de crédito imobiliário e o PIB [Produto Interno
Bruto] fica entre 10% e 15%.
No Brasil, ainda está em cerca de 3%. Há potencial de
crescimento e, para que isso
ocorra, é preciso debater o
"funding'", diz Hereda.
Mas, para França, a securitização tem atratividade limitada. "A poupança paga juros mais TR [Taxa Referencial]. Um ativo atrelado à TR
não tem muito interesse para
os investidores."
A Caixa confirma que esse
tipo de operação não é tão
atraente para grandes investidores que buscam papéis
atrelados a índices que apontem tendência de preços, como o IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo).
Porém a operação é vista
como uma alternativa para o
investidor de varejo, que não
tem rejeição à TR, diz um especialista do banco.
Para esse técnico, a emissão servirá para construir um
modelo que possa ser usado
quando esse tipo de operação for mais atraente para o
investidor e funcionará como
teste de mercado.
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