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Minoritários querem que União não vote o preço do petróleo
Para associação, governo encontrou forma jurídica de definir preço sem crivo dos minoritários
Estudo para definição de preço do petróleo termina hoje, e governo define preço em reunião de conselho amanhã
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA
Descontentes com os rumos da capitalização da Petrobras, os acionistas minoritários querem que a União se
abstenha de votar o preço do
barril de petróleo que definirá a capitalização em uma
eventual assembleia de acionistas, chamada para dar a
palavra final na operação.
Isso porque a União é, ao
mesmo tempo, controladora
da Petrobras e sua única fornecedora de petróleo.
O governo é, declaradamente, o maior interessado
em impor um preço alto ao
barril, mesmo que seja prejudicial à estatal e desvalorize o
patrimônio dos acionistas.
O problema é que a assembleia de acionistas já autorizou uma capitalização de até
R$ 150 bilhões. A definição
do barril não teria de passar
mais por nova assembleia.
Como afirmou a presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliário), Maria Helena Santana, a capitalização é
um grande contrato de uma
empresa com parte relacionada (acionista controlador).
Não há nenhum problema
nesses contratos desde que
os preços sejam justos, calculados por consultores independentes e aceitos por todas as partes interessadas.
No caso da capitalização
da Petrobras, o aporte do governo não é feito diretamente
com barris de óleo, mas também por títulos públicos:
LFTs (Letras Financeiras do
Tesouro), títulos pós-fixados.
Por esse motivo, foi contratada a consultoria PricewaterhouseCoopers para definir o preço desses papéis. O
motivo é o mesmo: contrato
com parte relacionada -o
governo é o único emissor
desses papéis e o maior interessado em sua valorização.
Com base nisso, os minoritários tiveram uma vitória na
assembleia de 12 de agosto,
quando conseguiram impedir que a União votasse pela
decisão dos critérios que definiriam o valor das LFT.
"Nossa tese é que a capitalização, na verdade, é feita
com barril. Eles teriam que se
abster de votar o preço do
barril -e não das LFTs. Mas
essa foi a forma encontrada
para a União tirar todos os
empecilhos jurídicos e ter a
liberdade de definir sozinha
o preço do petróleo", disse
Edison Garcia, superintendente da Amec (associação
dos minoritários).
Os estudos sobre preço do
petróleo devem ser concluídos até hoje, informou o ministro de Minas e Energia,
Márcio Zimmermann.
O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) terá uma reunião amanhã para
definir o assunto. O conselho
é a última instância no processo de decisão do preço.
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