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Análise

Tensão virou confronto quando teve fim a posição neutra da Irmandade Muçulmana

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

A tensão entre ativistas pró-democracia e o Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF, em inglês) ganha corpo no Egito há meses, depois da lua de mel que se seguiu ao empurrão militar para a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro.

No entanto, foi o fim da neutralidade mantida pela Irmandade Muçulmana, em sua tentativa de firmar imagem de moderação, que agora elevou a confrontação.

As forças liberais e de esquerda que iniciaram o movimento contra o ex-ditador, reunidas hoje nas coalizões A Revolução Continua e Bloco Egípcio, protestavam desde setembro.

Pediam o fim do julgamento de civis em tribunais militares, o desmonte do aparato repressivo e um cronograma de transição a um governo eleito -não há data marcada para a eleição presidencial.

À frente da Aliança Democrática pelo Egito, a Irmandade não aderiu a essas manifestações. Apostava em consolidar sua hegemonia aos poucos, por meio de uma possível vitória na votação parlamentar marcada para a próxima segunda e que, se mantida, ocorrerá em três etapas até janeiro -uma comissão da Assembleia redigirá a Constituição pós-ditadura.

Neste mês, porém, o SCAF divulgou um bloco de princípios supraconstitucionais de adoção obrigatória pelos novos deputados. A pretexto de tornarem-se guardiões do caráter "civil" (laico) do Estado, ao qual a Irmandade diz não se opor, a junta pretende com as regras manter poder de veto sobre decisões civis.

Os militares acumulam poder no Egito desde o golpe que depôs a monarquia (1952). Nas últimas décadas, foram beneficiários da segunda maior ajuda militar dos EUA.

Há muita especulação sobre suas razões para resistir a um papel político subalterno. Elas incluem a manutenção de privilégios econômicos e sua intenção de continuar ditando a posição internacional de um país que, como o mais populoso entre os árabes, pode determinar o rumo da relação da região com o mundo.

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