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Renúncia e promessas não acalmam Egito

Protestos continuam após junta militar aceitar saída de gabinete de transição e antecipar eleição presidencial

Manifestantes mantêm a ocupação da praça Tahrir, no Cairo, e exigem queda imediata de marechal do poder

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Mesmo após a renúncia do gabinete de transição e das promessas da junta militar egípcia de antecipar eleições presidenciais, a população manteve os protestos ontem na praça Tahrir, no Cairo.

Pressionado por confrontos que deixaram ao menos 29 mortos, o líder da junta que governa o país desde a queda do ex-ditador Hosni Mubarak, em fevereiro, foi à TV fazer concessões.

Na mais importante delas, o marechal Hussein Tantawi, 76, disse que haverá eleições presidenciais até o final de junho de 2012, com posse do mandatário no mês seguinte.

Até então, a junta dizia de forma vaga que o pleito ocorreria no final no ano que vem ou início de 2013.

Ele também manteve o início de eleições parlamentares, que escreverão uma nova Constituição, para a próxima segunda-feira e mencionou a possibilidade de promover um plebiscito para decidir sobre a permanência dos militares do poder -sem dar datas para a consulta e detalhes sobre ela.

Tantawi confirmou ainda ter aceitado o pedido de renúncia do ex-premiê Essam Sharaf e de seu gabinete -que colocaram seus cargos à disposição dos militares anteontem numa tentativa frustrada de acalmar a população do país.

O marechal afirmou que a junta militar pretende substituí-los por um governo de "salvação nacional" que vigoraria até a posse do novo presidente. Mas não ficou claro quando isso ocorrerá nem quem o integrará.

"As Forças Armadas, representadas pelo Conselho Supremo, não aspiram a governar e colocam o supremo interesse do país acima de todas as considerações", disse o marechal.

Tantawi afirmou que o Exército está "pronto para entregar a responsabilidade [pelo governo] imediatamente e retornar para a sua função de proteger o país, se a nação quiser".

Os acenos só intensificaram os protestos violentos que agitam o Cairo há quatro dias, contudo.

Dezenas de milhares de manifestantes que ocupam a praça Tahrir, símbolo da Primavera Árabe no Egito, responderam ao comunicado com gritos de "saia, saia" -o mesmo entoado na praça nos dias que antecederam a queda de Mubarak. Deixaram claro que exigem a queda imediata dos militares.

FERIDOS

A violência na Tahrir começou no sábado quando policiais tentaram retirar à força manifestantes que protestavam contra esboço da nova Constituição -elaborado pela junta- que dá poder quase ilimitado aos militares.

Desde então, os protestos se espalharam por cidades do país, desde Alexandria (norte) até Assuã (sul). Mais de 1.750 pessoas ficaram feridas.

Os choques mais intensos entre manifestantes, policiais e militares de ontem ocorreram na rua Mohammad Mahmud, a via que liga a praça Tahrir ao edifício do Ministério do Interior -principal alvo dos protestos.

Os EUA condenaram a violência. "Desejamos a nomeação de um novo governo no Egito que garanta eleições livres e justas", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

A tensão derrubou ontem a Bolsa do Cairo, que teve operação suspensa durante o dia e fechou em queda de 4,77% -a maior em 32 meses.

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