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Título francês já não é visto como 'AAA' pelo mercado

Retorno cobrado por papéis do país é superior ao de outros com nota máxima

Administração francesa reafirmou ontem que vai cumprir as metas de reduzir o deficit público para 3% do PIB até 2013

DE SÃO PAULO

A defesa da nota "AAA" (a máxima concedida para títulos da dívida pública) tem sido uma das bandeiras do governo Nicolas Sarkozy, mas, na prática, o mercado já não considera o papel francês entre os mais seguros.

O rendimento cobrado pelos investidores para adquirir os papéis franceses com vencimento em dez anos é, em alguns casos, mais do que o dobro do exigido para outros países "AAA".

Ontem, eles exigiam 3,5% para os títulos da dívida francesa, ante 0,9% da Suíça e 1,7% da Suécia -países que também têm nota máxima.

No caso dos EUA, que ainda mantêm o grau de confiança máxima para 2 das 3 maiores agências de avaliação de risco, o retorno exigido é 2%.

Mais: a diferença entre o rendimento dos papéis franceses e o dos alemães (parâmetro de segurança na Europa) chegou na semana passada ao maior patamar desde 1990 e, ainda que tenha recuado, continua alta.

No "termômetro" da agência Moody's, o retorno cobrado da França está mais próximo do exigido por países como Coreia do Sul e China, que estão degraus abaixo na escala de confiança.

O aumento dos custos para a França pegar dinheiro emprestado no mercado foi o principal motivo para a Moody's voltar a ameaçar, anteontem, rebaixar a nota dos títulos da segunda maior economia da zona do euro.

"Custos elevados de empréstimo persistindo por um período longo vão amplificar os desafios fiscais que o governo francês enfrenta em meio à deterioração do cenário de crescimento", diz a agência.

Ainda que não esteja em níveis gregos ou italianos, a dívida pública francesa vem crescendo fortemente, resultado do aumento dos gastos do governo.

No fim de 2007, a dívida francesa equivalia a 64% do PIB e chegou, no segundo trimestre deste ano, a 86%.

Sob a desconfiança dos mercados, a França reforçou ontem seus compromissos de reduzir o deficit e manter seu status como um país com baixíssimo risco de calote.

O ministro das Finanças, François Fillon, disse que o país já deu partida às reformas da Previdência e que vai cumprir as metas de reduzir o deficit público para 3% do PIB até 2013 -e zerar em 2016. "A França é um país sério."

Em entrevista publicada ontem pelo diário "Le Monde", o comissário europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn, exortou que a França considere ajustes de gastos "suplementares" para 2013.

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