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Crise abre debate sobre metas para o PIB

Novo modelo defendido por analistas leva em conta crescimento econômico e inflação

GUSTAVO PATU
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

Com o impulso da crise no mundo desenvolvido, a proposta de um novo modelo para a política de juros ganha apoios e presença crescente no debate global.

Trata-se da fixação de metas para o valor do PIB, ou seja, o total dos bens e serviços produzidos a cada ano no país -que, em outras palavras, equivale à renda nacional.

A ideia, que deixou o ambiente acadêmico e foi defendida no mês passado pelo influente banco Goldman Sachs, é criar uma alternativa às metas de inflação, que se tornaram moda nas últimas duas décadas e são bem conhecidas dos brasileiros.

Em vez de se preocuparem apenas com a variação dos preços, os bancos centrais deveriam trabalhar, segundo a proposta, com o objetivo de assegurar o aumento do valor nominal do PIB.

Esse aumento depende, como é óbvio, de maior produção física de mercadorias e da variação dos preços delas.

No ano passado, por exemplo, o PIB dos EUA teve elevação nominal de 4,2%, dos quais 3% em crescimento e 1,2% em inflação.

Para este ano, as projeções são piores: alta nominal de 3,7%, com apenas 1,5% de aumento da produção.

Não por acaso, é ao Fed, o BC americano, que se dirige a maior parte dos defensores de metas para o PIB nominal.

Ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos do governo Obama, Christina Romer defendeu há duas semanas uma meta de 4,5% para a alta nominal do PIB do país, que em circunstâncias normais seriam algo como 2,5% de crescimento econômico e 2% de inflação.

Mas as circunstâncias não são normais: com a atual anemia econômica, o Fed estaria liberado para -mais do que isso, obrigado a- injetar mais dinheiro na economia para estimular a produção, o consumo e o investimento, aceitando mais inflação.

Mais à frente, com a esperada recuperação do crescimento, os juros poderiam subir para conter a inflação e evitar uma alta nominal do PIB acima da meta.

O tema é motivo de controvérsia. Enquanto metas de inflação já foram testadas em vários países, incluindo o Brasil, metas de PIB nominal nunca passaram de teoria.

Para Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC, o Fed já indicou que avalia a medida.

"É uma mudança que pode acontecer, devido à gravidade dessa crise. Mas não é algo que você poderia adotar em tempos normais. Nesse caso, o Banco Central tem de ter apenas uma meta, de inflação", argumenta.

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