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Brasil envia equipe para limpar minas líbias

Gesto é tentativa do Itamaraty de melhorar as relações estremecidas com novo governo

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

O governo brasileiro acertou com o CNT (Conselho Nacional de Transição) da Líbia o envio de uma equipe de especialistas para ajudar na remoção das minas antipessoais usadas nos seis meses do conflito entre o regime de Mummar Gaddafi, seus oposicionistas e a Otan (aliança militar ocidental).

A equipe também vai verificar a procedência de minas instaladas por Gaddafi e que seriam brasileiras, segundo denúncia da Campanha Internacional pela Proibição das Minas (ICBL, na sigla em inglês).

O Brasil assinou em 1997 a Convenção de Ottawa, que veta a produção do artefato, e parou de fabricá-lo em 1989.

Na próxima semana, em reunião da Convenção de Ottawa no Camboja, a delegação brasileira anunciará a doação de US$ 100 mil à ONU para o trabalho de desminagem na Líbia.

O valor está na média de outras doações feitas com o fundo de ajuda humanitária do Ministério de Relações Exteriores.

As medidas fazem parte do movimento para recompor as relações com o novo governo líbio, estremecidas depois que o governo brasileiro se absteve na resolução da ONU que autorizou a intervenção armada da Otan -operação à qual o Itamaraty se mantém crítico.

TRATADO

Sob Gaddafi, empreiteiras brasileiras participavam de obras de infraestrutura na Líbia. Entre 2008 e 2010, o país árabe foi o sétimo maior destino das exportações nacionais para a África.

O Itamaraty se diz cético sobre a verdadeira procedência das minas encontradas pela ICBL.

O último relatório da ONG, que foi divulgado no dia 23 deste mês, afirma que os documentos de exportação de armas são guardados por no máximo dez anos e que o Brasil não encontrou nenhum registro de venda do artefato, do tipo T-AB-1.

A ICBL afirma no relatório que ainda espera uma resposta oficial do governo brasileiro sobre a denúncia.

A diplomacia argumenta que, por causa da guerra, só agora poderá fazer a verificação no local.

Em 2010, o estoque mantido pelos militares brasileiros para treinamento era de 8.976 minas. O país participa ou já participou de ações de desminagem na América Latina e na África.

Esse tipo de estoque é permitido pelo Tratado de Ottawa, assinado por 157 países. Entre os que não aderiram, estão EUA, Rússia, China, Irã, Cuba e Coreia do Sul, que ainda fabricam minas.

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