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Análise

Crise econômica dá mais urgência a debate sobre imigração

ELENA LAZAROU
DANIEL EDLER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nos últimos dias, a Europa dominou o noticiário internacional. A grave crise política e econômica culminou na queda dos primeiros ministros da Grécia e da Itália, enquanto se mantém o pessimismo na busca por soluções. No entanto, um aspecto dos efeitos da crise enfrentada no sul do continente -que muito interessa ao Brasil- vem sendo esquecido: o recrudescimento das políticas de imigração.

Desde a aprovação do Acordo de Schengen, que pôs fim às barreiras internas, o número de estrangeiros em busca de oportunidades na Europa aumentou sensivelmente. Como resposta, a UE criou a agência para o controle comum de fronteiras, a Frontex, e formulou diversas políticas de integração social. Apesar disso, muitos dos custos de se lidar com a imigração ainda recaem sobre os países limítrofes da União, especialmente Grécia, Itália e Espanha, os mais atingidos pela crise econômica.

Decorrência dos confrontos em torno da Primavera Árabe, o rápido aumento da entrada de imigrantes sobrecarregou as guardas de fronteira, acresceu os custos às operações de vigilância e levou a críticas acerca da postura omissa da UE. Neste cenário, a Grécia é um caso particularmente preocupante.

As fronteiras marítimas e a proximidade com o Oriente Médio fizeram com que o número de imigrantes no país chegasse a mais de 10% da população.

Na falta de prosperidade e escassez de postos de trabalho, imigrantes são acusados de contribuir para a crise econômica, ao mesmo tempo em que são afetados por ela.

Discussões sobre estes problemas na Grécia e na UE levaram a conexões óbvias entre as dificuldades econômicas e sua inabilidade em manter o controle efetivo de suas fronteiras.

Em tempos de crise, a UE precisa repensar a governança da imigração. Enquanto os percalços financeiros são o foco da imprensa, as amplas implicações sociais desta crise na periferia da Europa não podem ser negligenciadas. Ao contrário, devem ser consideradas centrais na formulação de futuras políticas da União Europeia.

ELENA LAZAROU é professora e pesquisadora do Centro de Relações Internacionais da FGV
DANIEL EDLER é pesquisador convidado em estudos europeus da mesma instituição

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