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Crise eleva fuga de pessoas e países da Europa encolhem

No centro do problema econômico, Portugal e Espanha estão entre os mais afetados

Especialista ressalta que, quanto mais tempo pessoa fica no exterior, mais improvável é a sua volta a país de origem

ÁLVARO FAGUNDES
CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO

A crise da economia europeia, com a falta de trabalho e perspectivas nada animadoras para o futuro próximo, está provocando o encolhimento da população de países que estão no centro da crise, como Portugal e Espanha.

A fuga foi iniciada pelos imigrantes, que, em muitos casos, encontram oportunidades melhores em seus países de origem. Mas essa onda já se alastrou e atinge também os nacionais.

Para países que já contam com baixo crescimento de uma população cada vez mais envelhecida, essa situação tem o agravante de afetar principalmente os jovens, gente que deveria financiar os custos da Previdência.

É o caso da Espanha, que, após longo período de crescimento, projeta que vai encolher neste ano, o que deve se repetir ao menos até 2021.

Além da queda da taxa de natalidade, os espanhóis estão rumando para outros países em busca de oportunidade. E a América Latina é um dos seus principais destinos.

"Eles estão partindo para países com os quais têm raízes históricas", afirma a especialista Madeleine Sumption, do Instituto de Política Migratória, em Washington, citando ainda os casos de Portugal e Irlanda.

De acordo com ela, esses países estão vivendo um "colapso dramático do cenário dos últimos 10, 20 anos", em que foram importadores de mão de obra.

No caso dos portugueses, Brasil e Angola, duas de suas antigas colônias, são dois dos países preferidos.

A saída acelerada de imigrantes e portugueses e a chegada cada vez mais mirrada de gente de fora fez com que a população, após anos de expansão, ficasse menor em 2010 -e mais velha.

Um outro caso emblemático é o da Irlanda. Segundo estimativas do governo, 76,4 mil irlandeses deixaram o país entre maio do ano passado e abril deste ano.

Uma retirada desse tamanho não era vista desde o século 19, quando milhões de pessoas deixaram a ilha por causa da fome.

O resultado é que, após mais de uma década de crescimento econômico e também populacional, a Irlanda está prestes a encolher.

Para Sumption, do Instituto de Política Migratória, ainda é cedo para avaliar os problemas que essa fuga trará para o continente. Mas ela ressalta que a saída envolve muitos profissionais altamente qualificados e que, quanto mais tempo a pessoa fica do seu país, menor é a probabilidade de retorno.

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