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China e Rússia condenam ataque da Otan

Potências se dizem 'chocadas' por ação em que aliança matou 24 militares paquistaneses na divisa com o Afeganistão

Paquistão, que já havia fechado rotas da Otan, diz que o caso pode ter consequências sérias na relação com os EUA

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

China e Rússia se uniram ontem na condenação aos ataques da Otan que, no sábado, deixaram ao menos 24 militares paquistaneses mortos na região da fronteira com o Afeganistão e estremeceram ainda mais a relação entre os EUA, que integram a aliança militar, e o Paquistão.

O governo chinês, tradicional aliado dos paquistaneses, se disse "profundamente chocado" pelo incidente. Os russos, mesmo sendo parceiros da Índia -principal rival do Paquistão-, disseram ser "inaceitável" violar a soberania de um país, mesmo em ações de caça a terroristas.

Islamabad, que já havia decidido bloquear por tempo indeterminado as rotas usadas pela Otan para abastecer suas forças em território afegão, rejeitou ontem o pedido de desculpas da coalizão, cujo secretário-geral, Anders Fogh Rasmussen, chamou o episódio de "trágico incidente".

O general Attar Abbas, porta-voz do Exército paquistanês, disse que o caso pode ter "sérias consequências" na cooperação do país com EUA e Otan. Segundo ele, o ataque da aliança durou duas horas, apesar de postos de fronteira terem avisado que aliados estavam sendo atingidos.

Fontes da Otan afirmaram que a ação foi resposta a um ataque do lado paquistanês da divisa. A região -onde também atuam os extremistas do Taleban- já registrou outros casos de "fogo amigo", mas o total de mortes no sábado foi o maior desde que o Paquistão se aliou a Washington na guerra ao terror que sucedeu ao 11 de Setembro.

'RESPEITO MÚTUO'

O premiê do Paquistão, Raza Gilani, disse à rede CNN que os termos da cooperação entre seu país e os EUA precisam mudar e a colaboração só deve continuar se for baseada em "respeito e interesse mútuos" -o que, avalia ele, não está acontecendo.

Segundo a Casa Branca, o governo americano conduzirá uma investigação em paralelo à que a Otan já está tocando, para tentar elucidar as causas do incidente.

"É do nosso interesse, em termos de segurança nacional, manter a cooperação com o Paquistão na luta contra o terrorismo e nós vamos continuar trabalhando com esse fim", disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Apesar do discurso, os EUA armaram toda a operação que matou o terrorista Osama bin Laden em território paquistanês, no início de maio, sem dar ciência a Islamabad, por desconfianças em relação aos paquistaneses -além de reter US$ 800 milhões em ajuda militar ao país asiático.

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