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Pleito une extremos da sociedade do país

DO ENVIADO AO CAIRO

Separados pelo abismo econômico que divide a sociedade egípcia, o alfaiate Ahmed Mohamed, 54, e o estudante de medicina Mohamed Swify, 21, têm algo em comum além do nome: votaram ontem pela primeira vez.

As semelhanças param por aí. Ahmed nunca consegue ganhar mais do que R$ 100 por mês com as roupas que ele costura e vende. O dinheiro mal dá para sustentar a mulher e os dois filhos.

Os quatro vivem em um dos bairros mais miseráveis da capital egípcia, conhecido como "cidade dos mortos", onde famílias moram entre túmulos de um cemitério.

Analfabeto, votou ontem fazendo um X no desenho de uma palmeira, símbolo do partido Wafd, por indicação de um vizinho. "Ele me disse que o candidato nos ajudaria se votássemos na palmeira", contou ao lado da mulher.

O voto no liberal Wafd, um dos partidos da oposição inoperante da era Mubarak, foi um dos poucos na "cidade dos mortos". O domínio parecia ser dos grupos islâmicos, também impulsionado por motivos econômicos.

Nas últimas semanas, grupos religiosos como a Irmandade Muçulmana capricharam nos presentes, principalmente alimentos. Havia multa de 500 libras (RS$ 153) para quem não fosse votar.

Já no rico bairro de Heliópolis, onde fica a casa do ex-ditador, a motivação do voto era principalmente política: assegurar a transição para um Estado moderno.

"Quero ter condições de trabalhar no meu país e não ser obrigado a migrar", disse o estudante Swify.

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