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'Espanha irá liderar a Europa em relação ao norte da África'

Para analista José Torreblanca, país será uma 'Alemanha do sul'

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

A Espanha não só sairá da espiral da dívida e do desemprego como irá para a linha de frente das negociações políticas da União Europeia e se tornará o representante do bloco para os países da Primavera Árabe.

Uma espécie de "Alemanha do sul", na definição do diretor do Conselho Europeu de Relações Exteriores José Ignacio Torreblanca. Ele acaba de publicar estudo sobre a Espanha pós-eleições.

O especialista afirma que o futuro do país mediterrâneo depende de o recém-eleito premiê da Espanha, o conservador Mariano Rajoy, conseguir convencer os vizinhos europeus de que sua nação sabe arrumar a casa com um bom plano de ajuste e outro de governança.

"Acredito que conseguirá, porque essa é uma questão existencial para o Partido Popular", diz à Folha. "Eles pensarão nas linhas de atuação da Espanha no redesenho da União Europeia, que vai mudar radicalmente."

Esse processo, que pode ser "muito rápido", depende de o governo promover reformas e ajustes fiscais que podem chegar a € 30 milhões.

"Nos próximos seis meses, a Espanha já poderá obter financiamento mais barato de sua dívida e retomar a senda do crescimento", afirma.

INTERLOCUÇÃO

Torreblanca acredita que, "se a Espanha não olha para o sul, ninguém vai olhar", referindo-se ao norte da África.

O país tem interesse, diz, em mobilizar o bloco europeu em relação a essa região. "Vai ser um processo lento, mas já estamos vendo mudanças, e a Espanha estando perto tem de monitorar e se preocupar positivamente com isso."

O país deve, também, "convencer o resto da Europa a mudar o discurso de medo em relação ao islamismo, ao movimento de migração e à liberalização das barreiras comerciais", diz Torreblanca.

"É o momento de deixar o protecionismo e pagar os dividendos da conquista da democracia nesses países."

O futuro espanhol depende também, para o especialista, do desenrolar da crise na Europa. Ele vê a troca de premiês na Itália, com a saída de Silvio Berlusconi e a entrada de Mario Monti, como prejudicial à Espanha.

"Pensávamos que a Itália seguiria com a crise de credibilidade, e isso de alguma maneira beneficiava a Espanha", afirma. A chanceler alemã, Angela Merkel, dessa maneira "pode pensar que já tem Monti como aliado".

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