Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Senado dos EUA endurece prisão de acusado de terror

Senadores passam legislação que reforça permissão para deter suspeitos de terrorismo por tempo ilimitado

Medida faz parte do Orçamento da Defesa para 2012 e ainda poderá ser vetada ou aprovada pelo presidente Obama

DE WASHINGTON

O Senado americano aprovou na noite de anteontem o Orçamento da Defesa para 2012, e incluiu na lei uma cláusula que cristaliza a permissão para prender acusados de terrorismo por tempo ilimitado sem julgamento.

O texto, fruto de acordo bipartidário, seguirá para a Câmara e para a aprovação do presidente Barack Obama.

Embora o democrata tenha prometido vetar a medida, o fato de ela estar incorporada ao Orçamento da Defesa dificulta a manobra.

A lei que passou no Senado permite ao Poder Executivo manter "pessoas encobertas" sob custódia militar sem julgamento até o fim das hostilidades que levaram à sua prisão -ou a chamada Guerra ao Terror iniciada pelo presidente George W. Bush em reação aos atentados do 11 de Setembro.

"Pessoas encobertas", diz o texto, são aquelas com ligação com a Al Qaeda ou que tentem promover ou ajudar na promoção de atentados terroristas contra os EUA e seus aliados.

Apesar da mudança na nomenclatura -as medidas implementadas em 2001 e renovadas desde então chamavam os suspeitos de ligação com a Al Qaeda de "combatentes inimigos"-, a medida transforma em lei o que era exceção temporária.

Além disso, inclui na categoria pessoas detidas dentro do território americano.

A Casa Branca e parte da bancada democrata no Senado (o partido rachou a respeito do tema) rejeitam a medida e veem nela uma brecha para a detenção ilimitada, sem julgamento, de cidadãos americanos e estrangeiros que residam legalmente nos Estados Unidos.

Seus defensores, porém, afirmam que, ao citar a Constituição e enfatizar que não há mudança na prática atual, a lei livra os americanos e lhes garante o direito ao processo legal (julgamento civil) no país.

Uma emenda para explicitar a exclusão foi derrubada.

Em outra cláusula que pede a custódia militar para os acusados de terrorismo, porém, cidadãos americanos e residente legais são claramente eximidos no texto.

O Orçamento traz também um pedido de revisão periódica da situação dos prisioneiros em Guantánamo, parte dos quais nunca foi julgada. E veta a alocação de fundos para construir prisões dentro do território americano que recebam esses detentos da Guerra ao Terror.

A lei prevê gastos de US$ 662 bilhões em Defesa no ano fiscal de 2012, iniciado em outubro.

São US$ 43 bilhões a menos do que no ano anterior, obedecendo ao gatilho de cortes automáticos que devem limar do Orçamento federal US$ 1,2 trilhão nos próximos dez anos, resultado do recente fracasso do Congresso em propor um pacote fiscal para reduzir gastos. (LUCIANA COELHO)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.