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'Não sou dono do país', diz Assad, ao se esquivar de mortes

Em entrevista a TV americana, ditador sírio exime-se de culpa por repressão e diz que não controla Exército

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Sorridente e com a aparência descontraída, o ditador sírio, Bashar Assad, negou, em entrevista a uma TV americana, que tenha ordenado a repressão a dissidentes que, segundo a ONU, já deixou mais de 4.000 mortos.

"Nenhum governo do mundo mata seu povo, a menos que seja liderado por um louco", disse Assad à veterana jornalista Barbara Walters, da rede ABC.

O ditador chamou de "falsas alegações e distorções" as evidências de brutalidade enumeradas por Walters, incluindo contra crianças.

Questionado se sente culpa pelos milhares de mortos na repressão do regime à rebelião iniciada em março, deixou escapar uma risada.

"Fiz o melhor para proteger meu povo", respondeu. "Você não pode se sentir culpado quando faz seu melhor... Não se sente culpado quando não mata pessoas."

Assad afirmou que nunca deu ordens para matar manifestantes e se esquivou de responsabilidade sobre as ações do Exército -embora, pela Constituição do país, o presidente seja o comandante das Forças Armadas.

"Não são minhas forças", disse Assad. "São forças militares que pertencem ao governo. Não sou dono delas. Sou o presidente. Não sou o dono do país."

Para o ditador, o relatório da comissão independente da ONU liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, que acusou o regime de cometer crimes contra a humanidade, carece de provas.

"Quem disse que a ONU é uma instituição com credibilidade?", questionou Assad.

Em seguida, soltou uma gargalhada ao explicar por que, apesar da descrença, mantém embaixador na organização. "É um jogo que jogamos, não quer dizer que acreditamos [na ONU]", declarou ele, no poder desde 2000.

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