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'Risco de explosão nunca foi tão grande', diz Sarkozy

Apelo de presidente francês marca início de cúpula europeia, em Bruxelas

Apesar da pressão, europeus temem que encontro acabe sem um consenso sobre as mudanças necessárias

DO ENVIADO A BRUXELAS

"O risco de explosão da Europa nunca foi tão grande. Se não chegarmos a um acordo, não haverá uma segunda chance."

Foi à sombra desse apelo dramático do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que os líderes europeus iniciaram ontem a cúpula que busca uma saída para a crise que ameaça o continente e a economia mundial.

Mas não está fácil, e muitos dos envolvidos nas negociações temiam ontem à noite em Bruxelas que a reunião acabe hoje sem medidas de impacto que restituam a confiança dos investidores.

Sarkozy e a chanceler alemã, Angela Merkel, esperam convencer os dirigentes dos demais países do continente a aceitar medidas que representam perda de autonomia financeira e mais rigor sobre as contas públicas.

"A Europa vive uma situação extremamente perigosa. Devemos reformar a Europa. Se não tivermos a coragem de fazê-lo, as pessoas vão se rebelar", disse Sarkozy.

A intenção é alterar tratados da União Europeia. Os países seriam obrigados a colocar em suas constituições um limite para o deficit público (despesas menos receitas) de no máximo 3% do PIB (Produto Interno Bruto).

Quem ultrapassar a meta será punido com a fiscalização das contas, perda de acesso a fundos de infraestrutura e multas.

O problema é que mudanças em tratados da UE exigem muita negociação, uma vez que necessitam de aprovação de todos os membros.

Dependendo do que for alterado (por exemplo a transferência de poder dos países para a UE), serão necessários referendos populares em algumas nações.

São explícitas as resistências a mudanças nos Parlamentos da Suécia, da Holanda e da Eslováquia e até de parte dos alemães.

Já Finlândia, Portugal e Itália argumentam que aprová-las tomaria muito tempo e manteria as incertezas que têm sido tão danosas.

No caso do Reino Unido, o primeiro-ministro David Cameron ameaça vetar uma mudança que não respeite os interesses de seu país.

Seu caso é peculiar. Ele precisa parecer duro com seus pares europeus para contentar os eurocéticos britânicos. Mas seu poder de fogo é pequeno.

Merkel e Sarkozy preferem uma mudança de tratado que abarque todos os 27 países da UE, mas, se não for possível, tentarão fechar com os 17 da zona do euro (o que exclui o Reino Unido).

Isso deixaria o Reino Unido ainda mais marginalizado. Nos últimos tempos, o país apenas assiste às decisões da dupla "Merkozy".

(VM)

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