Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise

Mexer na UE é como reparar uma máquina complicada

DAVID MARSH
DO “GUARDIAN”

Assistimos a semanas de especulações de que o experimento de união monetária iniciado há 13 anos pode estar prestes a se desfazer.

Agora, França e Alemanha se uniram para tentar forjar o que a chanceler alemã, Angela Merkel, descreve como "uma nova fase da integração europeia", numa forma de união fiscal. Ainda restam muitos obstáculos a serem transpostos, contudo.

Quem está ajudando Merkel e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, é Mario Monti, ex-comissário europeu e agora chefe de um governo tecnocrático em Roma.

Alemanha, França e Itália são de longe as maiores economias na zona do euro.

Monti presidiu nos últimos dias sobre um declínio acentuado nos custos dos títulos de dívida italiana com vencimento para dez anos.

É um sinal de que as decisões sobre austeridade orçamentária em Roma estão começando a ter ressonância positiva nos mercados.

Numa conferência econômica em Varsóvia em outubro, Monti refletiu que o futuro da união monetária estava em "mais mercado, mais disciplina, mais Europa e mais Alemanha".

Essas características estarão à vista na reunião de hoje da União Europeia em Bruxelas (Bélgica).

Mas a experiência de cerca de uma dúzia de reuniões promovidas nos últimos 18 meses para discutir a crise mostra que é necessário muito mais que apenas declarações dadas numa cúpula.

Jürgen Stark, do Banco Central Europeu, resumiu o problema: "A meia-vida do processo decisório europeu é espantosamente curta".

Mexer com a complicada estrutura da moeda única parece uma tentativa de reparar uma máquina complexa, feita de muitos lados e partes, em que cada componente influencia de maneira distinta cada outro elemento que faz parte do mecanismo.

Com 27 países integrando a União Europeia, a complicação ficou ainda maior.

É possível que a questão mais séria diga respeito à renegociação dos tratados europeus, em direção a uma união fiscal mais estreita.

Acordar um tratado para todos os 27 países membros com centralização suficiente para agradar aos alemães, mas flexibilidade suficiente para ganhar o apoio britânico, seria uma tarefa virtualmente impossível.

Tradução de CLARA ALLAIN

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.