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Após prender chefe da Camorra, polícia investiga computadores

Michele Zagaria era um dos mafiosos mais procurados da Itália

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A polícia italiana disse estar analisando computadores e telefones celulares encontrados no bunker do líder mafioso Michele Zagaria -preso anteontem- a fim de incriminar membros e colaboradores dos Casaleses, o clã mais poderoso da organização mafiosa Camorra.

Zagaria era um dos dois mafiosos mais procurados pelo governo da Itália, ao lado do chefe da Cosa Nostra, Matteo Messina Denaro, que ainda está em liberdade.

Oficialmente, Zagaria estava desaparecido desde 1995. Ele foi encontrado em um bunker construído sob sua casa de campo na cidade de Casapesenna (sul da Itália).

A polícia cortou a energia elétrica do bunker, mas o criminoso se negou a sair. Os policiais levaram mais de quatro horas para escavar cinco metros de barreiras de proteção feitas de concreto armado até chegar a Zagaria.

Ao ser preso, o mafioso disse: "vocês venceram, o Estado venceu". Ele disse ainda que viu a aproximação da polícia por câmeras de vídeo, mas não conseguiu escapar devido a um defeito em um dispositivo que aciona uma escotilha de saída do refúgio.

A polícia italiana classificou o esconderijo como "de última geração" e disse que Zagaria viveu nele por anos.

O mafioso teria limitado ao máximo suas saídas do complexo, além de dificilmente subir à superfície da casa - cujo piso sob um dos quartos era montado sobre um sistema de trilhos para dar lugar a uma passagem secreta para o bunker.

Zagaria havia sido condenado duas vezes à prisão perpétua pela Justiça italiana pelos crimes de "associação mafiosa" (2010) e por assassinar um rival (1988).

Ele era conhecido como "Rei do Cimento" por ter se especializado em conseguir, de forma ilegal, contratos públicos na área da construção civil em quase todas as regiões da Itália. O criminoso também lidava com transporte e descarte de lixo tóxico.

Zagaria foi encontrado após a Promotoria pedir uma mandado de prisão para um ministro do governo do ex-premiê Silvio Berlusconi, suspeito de dar apoio político para os Casaleses.

"Estou certo de que a queda do governo de Berlusconi e de seu ex-ministro Nicola Cosentino está deixando um grande grupo de pessoas inseguras sobre a impunidade, que agora passam a colaborar com a Justiça", disse o escritor Roberto Saviano ao canal de TV Euronews.

Ele passou a ser ameaçado pela Camorra após lançar um livro revelando detalhes sobre a organização.

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