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Irmandade Muçulmana rompe com junta egípcia

Grupo islâmico, vitorioso em eleição semana passada, boicota órgão

Conselho criado por militares tem como objetivo 'fiscalizar' a nova Constituição, o que é rejeitado pelo grupo

DE JERUSALÉM

O anunciado embate entre a junta militar que governa o Egito e a Irmandade Muçulmana, cujo partido foi o mais votado na primeira fase das eleições parlamentares, teve ontem o primeiro round.

Banido no país até a deposição do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro, o grupo islâmico decidiu boicotar um conselho nomeado pelos generais para fiscalizar a redação da nova Constituição.

Em tese, a Carta deveria ser elaborada por uma comissão de 100 deputados. Mas a junta militar decidiu criar o conselho sob a alegação de que o novo Parlamento não será representativo.

Desconfiado de que o conselho usurpará os poderes do Parlamento, a Irmandade retirou seus representantes do novo órgão -que inclui políticos, candidatos à Presidência e lideranças jovens.

"O conselho militar está determinado a se virar contra a vontade do povo", acusou um porta-voz da Irmandade Muçulmana.

A divulgação de um projeto que daria poderes supraconstitucionais à junta militar, no mês passado, deflagrou uma onda de protestos que terminou com 42 mortos em confrontos com a polícia.

Diante da insatisfação, a proposta foi engavetada. Com o novo conselho, os generais ressuscitam a ideia.

Em entrevista a jornalistas estrangeiros na terça, um dos generais já havia deixado claro que a junta pretende manter o controle da Constituinte para frear o poder dos islamitas.

Na primeira das três fases da eleição parlamentar, o partido Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, chegou em primeiro, obtendo 36,6% da votação para legendas.

Em segundo lugar ficou o partido islâmico ultraconservador Al Nour, com 24,4%.

(MARCELO NINIO)

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