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Sem-diploma perdem 20% da renda nos EUA em 5 anos

Homens de 25 a 64 anos com ensino médio estão entre principais vítimas da crise

Efeitos das mudanças tecnológicas e da globalização se fizeram sentir com mais força nesse grupo, diz estudo

DE WASHINGTON

A discreta mas contínua melhora do mercado de trabalho nos EUA deve passar despercebida para um grupo cujo problema vai além de achar emprego: homens de 25 a 64 anos sem diploma universitário, cuja renda, nos últimos cinco anos, caiu 20%.

A conclusão está em estudo do centro Brookings, assinado pelos economistas Michael Greenstone e Adam Looney -ambos egressos do Conselho de Assessores Econômicos de Barack Obama.

A análise, com dados do Censo, mostra que a crise exacerbou uma tendência anterior calcada em mudanças tecnológicas e globalização.

Os autores usaram só homens não imigrantes no cálculo, para evitar distorções como as barreiras à entrada da mulher no mercado e a participação dos imigrantes, medida a partir de 1994.

Em 40 anos, diz o estudo, os salários dos trabalhadores que completaram só o ensino médio foi carcomido de US$ 49 mil anuais (R$ 7.400 ao mês) em 1970 para os atuais US$ 26 mil (ou R$ 3.920/mês), já contando a inflação.

A taxa de desemprego é inversamente proporcional ao nível de instrução -mas a razão do desemprego para quem tem diploma universitário e quem não tem, de 1 para 2, se mantém perene.

Após o início dos anos 70, quando estava próxima de US$ 50 mil ao ano, a renda anual dos sem-diploma iniciou uma queda que duraria até 1993, quando o país viveu um ciclo de forte crescimento. Daí até 2000, a expansão levou o valor a US$ 34,5 mil.

Com a crise, os ganhos dos menos instruídos caíram a níveis perto da barreira da pobreza na definição do Censo dos EUA (US$ 22,3 mil/ano para família de quatro pessoas).

"O dinamismo e a mudança rápida na economia americana depreciaram as habilidades de parte dos trabalhadores", dizem os economistas.

O outsourcing -exportação de empregos por companhias em busca de mão de obra barata- também pesou. Os dois economistas sugerem que o governo invista em treinamento e capacitação.

O problema é que, nas contas da especialista Isabel Sawhill, também do Brookings, essa é uma das áreas que mais devem sofrer cortes no ajuste fiscal dos EUA em 2013.

(LUCIANA COELHO)

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