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Híbrido "Newt Romney" domina entre republicanos

Mas ex-presidente da Câmara e ex-governador ainda enfrentam percalços

Ambos são conhecidos por mudar de opinião de diplomacia a aborto e carecem de afinidade com a ala mais à direita

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Michele Bachmann, deputada ultraconservadora cuja pré-candidatura à Presidência dos EUA afunda, captou: a corrida republicana foi dominada por "Newt Romney".

"Newt Romney" não existe -é um híbrido dos pré-candidatos Newt Gingrich e Mitt Romney. Mas, ao uni-los em um nome árido que representa o establishment, os marqueteiros da deputada resumiram a campanha que analistas veteranos dizem ser a "mais bizarra em décadas".

Bizarra porque mudou de líder cinco vezes antes da largada, na prévia de 3 de janeiro em Iowa. E porque os sujeitos hoje no topo -Gingrich, ex-presidente da Câmara, e Romney, ex-governador- têm o perfil que o eleitorado critica em pesquisas, do político profissional.

"A briga parece ser entre os dois agora, mas nada garante que continuará assim", disse à Folha o professor e colunista político E.J. Dionne, do centro de estudos Brookings. "Quanto mais eles se atacam, mais o eleitor pode ir buscar outro nome."

Dionne, que escreve no "Washington Post" e cobre política há 35 anos, diz que nesta temporada de prévias não dá para fazer apostas.

O analista conservador Michael Barone, autor do "Almanaque de Política Americana", concorda com ele: "Devemos ficar alertas para a possibilidade de a preferência do eleitor virar de novo".

Barone lembra, por exemplo, que o deputado Ron Paul pode vencer em Iowa.

A questão é que, com seus ideais libertários pelos quais o governo deve ficar longe de assuntos como casamento gay e convulsões políticas no exterior, Paul é indigesto para o eleitorado mais amplo.

Gingrich e Romney são os únicos aceitáveis para maioria dos republicanos, mostra pesquisa do centro Pew.

Os dois, porém, ainda enfrentam percalços.

Ambos são conhecidos por mudar de opinião em temas que vão de política externa a aborto e carecem de afinidade com a ala mais à direita.

Romney, mais longevo no topo das enquetes, é visto como "liberal demais" -embora o mesmo rótulo possa vir a ser colado a Gingrich.

"Os radialistas e os blogs conservadores reagem com força a favor do candidato mais atacado pela mídia tradicional e pelos figurões de Washington", diz Barone.

E o ex-governador, apesar da falta de carisma, é visto como mais palatável do que Gingrich, que tem histórico de lobby, adultérios e ideias como usar espelhos espaciais para iluminar estradas.

O maior obstáculo para "Newt Romney", porém, não é esse antagonismo. Nem o presidente Barack Obama.

É o desânimo em um país onde votar não é obrigação.

Em pesquisa do Gallup divulgada anteontem, 70% dos ouvidos disseram não ver a hora de a campanha acabar. Faltam 323 dias para o pleito.

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