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Ação da Otan na Líbia matou ao menos 40 civis, diz jornal

Aliança ocidental muda de posição sobre vítimas após reportagem, mas diz que investigação do caso depende do novo governo líbio

DE SÃO PAULO

As operações da Otan (aliança militar ocidental) na Líbia, consideradas fundamentais para a queda do regime de Muammar Gaddafi, mataram pelo menos 40 civis, segundo levantamento do "New York Times".

Os ataques aéreos na Líbia tiveram início no fim de março e duraram até outubro, e a organização disse reiteradas vezes que não havia confirmação da morte de civis nas suas ações.

O jornal americano, porém, teve acesso a relatórios médicos, fotografias e certificados de óbito (além de conversar com testemunhas e médicos) que mostram que 40 civis foram mortos e que a conta pode passar de 70.

Entre as vítimas, estariam ao menos 29 mulheres ou crianças -muitas estavam dormindo no momento dos ataques aéreos.

A reportagem afirma ainda que não pode visitar todos os locais bombardeados e que a estimativa de vítimas pode ser muito maior.

"Embora o total não seja alto quando comparado a outros conflitos em que as potências ocidentais usaram pesadamente força aérea -e inferior que as contas exageradas divulgadas pelo governo Gaddafi-, esse não é um cálculo completo", diz o jornal.

A revelação feita pelo "New York Times" levou a Otan a mudar sua posição.

"Pelo que vocês recolheram [de provas] no terreno, parece que civis inocentes podem ter sido mortos ou feridos, apesar de todo o cuidado e toda a precisão", disse, ao jornal, Oana Lungescu, porta-voz da Otan.

"Nós lamentamos profundamente a perda de qualquer vida", complementou.

Segundo ela, a organização está pronta para ajudar as autoridades líbias, mas que dependem delas a investigação sobre as mortes.

Até o momento, o novo governo líbio -que deve à Otan grande parcela da sua chegada ao poder- não demonstrou interesse em investigar as mortes de civis.

Várias organizações de direitos humanos, como o Human Rights Watch, criticaram a aliança ocidental por não reconhecer anteriormente a morte de civis, mesmo quando teve acesso a documento que mostravam o contrário.

A aprovação dos ataques aéreos ocorreu em março pelo Conselho de Segurança da ONU, em uma decisão bastante dividida. Cinco países, entre eles, o Brasil, se abstiveram de votar.

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