Fundos não querem aderir a acordo sobre dívida grega

Entre os credores privados da Grécia, os fundos de hedge estão oferecendo a maior resistência ao acordo de socorro financeiro costurado por FMI (Fundo Monetário Internacional), UE (União Europeia) e Banco Central Europeu, dizem especialistas ouvidos pela agência Reuters.

O acordo fechado em outubro, pelo qual os gregos receberão ajuda de 130 bilhões (R$ 305 bilhões), prevê que os credores aceitem a perda de 50% do valor de seus títulos da dívida grega. Em troca, o governo da Grécia se compromete com novas medidas de austeridade.

Enquanto os bancos europeus sofrem pressão política para aceitar os termos do acordo, os fundos de hedge se negam a fazê-lo. "O jogo deles é 'os gregos acabarão sendo forçados a nos pagar'", diz o analista Gabriel Sterne.

Em economia, "hedge" significa contratar uma operação visando neutralizar perdas em outra. Os fundos preferem que a Grécia quebre -o que faria com que eles recebessem o dinheiro do seguro de crédito que contrataram- ou que mais credores se recusem a aceitar a perda de 50%.

Não se sabe ao certo quanto os fundos de hedge detêm da dívida grega, mas especialistas estimam que seja algo entre 10% e 12,5% do total.

O discurso oficial tenta transmitir otimismo. Ontem, Philipos Sachinidis, vice-ministro das Finanças grego, disse que a negociação está num ponto "satisfatório".

No mesmo tom, o comissário europeu para assuntos econômicos, Olli Rahn, afirmou que os detalhes sobre a participação privada no plano estão "quase concluídos".

DATAS DECISIVAS

Os ministros das Finanças da UE se reunirão no dia 23, em Bruxelas, para tentar finalizar os termos do PSI (sigla em inglês para "envolvimento do setor privado").

Na prática, o encontro pode definir o tamanho real da perda com que os bancos vão arcar. No dia 30, os líderes da UE devem discutir a taxa sobre transações financeiras proposta pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, e rejeitada pelo Reino Unido.