Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Ditador sírio ataca Liga Árabe em discurso

Bashar Assad acusa bloco de "hipocrisia", denuncia conspiração internacional e promete eleições no país em maio

Monitores do grupo de 22 nações árabes visitam a Síria para investigar violência que matou mais de 5.000

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em seu primeiro discurso em seis meses, o ditador Bashar Assad condenou a Liga Árabe por isolar a Síria, chamou os manifestantes de "traidores" e prometeu "derrotar a conspiração estrangeira" contra seu país.

Opositores consideraram o discurso uma incitação à violência e à guerra civil. A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, advertiu que "já passou da hora" de a entidade agir quanto à Síria.

Foi a primeira vez, porém, que Assad prometeu reformas políticas, em detalhes: uma nova Constituição votada em referendo em março e eleições parlamentares, marcadas para o início de maio.

Em seguida, Assad acusou a Liga -cujos membros visitam o país como observadores desde dezembro- de hipocrisia. "A situação deles [Liga] é como a de um médico fumante que recomenda a seu paciente largar o fumo, enquanto ele próprio tem um cigarro na mão."

No final do ano passado, em meio à escalada da violência na Síria, o bloco árabe suspendeu o país e anunciou sanções contra ele. Em dezembro, após acordo com Assad para encerrar a violência na Síria, a Liga enviou um grupo de monitores ao país.

Assad havia concordado com a missão. Agora, porém, esbravejou contra a Liga. O principal alvo foram as ricas monarquias do golfo Pérsico. "Dinheiro não faz países ou culturas", disse. E questionou "com qual direito governos árabes tentam ensinar a Síria sobre democracia".

Também declarou que "nunca ordenou que ninguém abrisse fogo contra manifestantes antigoverno" -prática comum de seu regime desde o início das revoltas, segundo denúncia de grupos de direitos humanos. E foi categórico sobre sua saída do poder: "Quando eu deixar esse posto, será pela vontade do povo". Emendou ainda a promessa de nova Constituição e eleições até maio.

O discurso na Universidade de Damasco durou quase duas horas. Lá, em junho passado, Assad também prometeu reformas. Na época, a ONU estimava que, desde março, 1.600 pessoas haviam morrido na onda de protestos. Desde então, esse número foi a mais de 5.000.

As reformas não ocorreram, embora 775 presos políticos tenham sido libertados- entre 10 mil detidos, segundo estimam ativistas.

Em seis meses, as revoltas ganharam contornos complexos. Protestos se espalharam pelo país, a oposição armada cresceu, amealhando desertores do Exército. Atentados a bomba em Damasco foram atribuídos pelo regime a grupos terroristas.

Ontem, a Liga Árabe denunciou que ataques feriram 11 de seus observadores e declarou que o governo "falhou em garantir segurança". Desde 26 de dezembro, 165 monitores percorrem a Síria para verificar o acordo com a Liga para cessar a repressão.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.