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Capitão é culpado de naufrágio, diz empresa

Segundo presidente da Costa Cruzeiros, manobra 'não foi autorizada'; número de mortos na costa da Itália sobe para seis

Mídia italiana diz que comandante quis fazer 'surpresa' ao passar perto de ilha; governo teme danos ambientais

Guarda Costeira Italiana/France Presse
Vista submarina do Costa Concordia, inspecionado pela Guarda Costeira italiana, que tenta achar mais corpos de vítimas do naufrágio em meio a destroços do cruzeiro
Vista submarina do Costa Concordia, inspecionado pela Guarda Costeira italiana, que tenta achar mais corpos de vítimas do naufrágio em meio a destroços do cruzeiro

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente da empresa dona do cruzeiro Costa Concordia, Pier Luigi Foschi, culpou o capitão Francesco Schettino pela manobra que causou o naufrágio do navio de luxo, que levava 4.229 pessoas, perto da ilha italiana de Giglio, na sexta à noite.

Foi achado ontem mais um corpo, de um homem não identificado, o que elevou para seis o total de mortos no naufrágio. No início do dia, eram contados 16 desaparecidos; ontem à noite, porém, a Guarda Costeira italiana revisou esse número para 29.

De acordo com o Itamaraty, os 56 brasileiros que estavam a bordo se salvaram.

Segundo Foschi, os navios da Costa Cruzeiros possuem alarmes que soam automaticamente quando há algum desvio do caminho programado -exceto quando a rota é alterada manualmente.

"O fato de o cruzeiro ter saído da rota deve-se exclusivamente a uma manobra do comandante, que não foi autorizada e era totalmente desconhecida pela empresa", declarou o presidente da Costa.

Foschi afirmou, porém, que todos os membros da tripulação se comportaram como "heróis" durante o resgate dos passageiros e disse que sua empresa fornecerá assistência legal ao capitão, que está preso desde sábado.

Schettino será investigado por negligência e por ter, segundo a Guarda Costeira, abandonado o barco antes que a maior parte dos passageiros fosse retirada, o que ele negou antes de ser preso. O capitão dará explicações diante de um juiz hoje, segundo seu advogado.

Ontem, o diário "Corriere della Sera" disse que Schettino se aproximou de Giglio, ilha de pescadores próxima à costa da Toscana (centro-oeste da Itália), para fazer uma surpresa ao chefe dos garçons, que nasceu ali, e a um ex-comandante que estava a bordo.

De acordo com o relato do jornal italiano, o chefe dos garçons, Antonello Tievoli, pensou que fosse uma brincadeira do capitão. Depois, ao ser resgatado, disse a moradores de Giglio: "Nunca poderia imaginar que desembarcaria em minha casa".

Residentes da ilha afirmaram nunca ter visto o Costa Concordia, que fazia semanalmente a rota pela costa da Toscana, passar tão perto.

A Carnival Corporation, controladora da Costa Cruzeiros, estimou perdas de até US$ 95 mi neste ano com o Concordia fora de operação. As ações da empresa recuaram mais de 16% ontem.

RISCO AMBIENTAL

As operações de busca foram suspensas ontem por volta do meio-dia (horário italiano) porque o Concordia se moveu alguns centímetros.

A situação foi considerada arriscada demais para que os mergulhadores continuassem trabalhando, já que há um buraco de cerca de 30 metros bem próximo do lugar onde o cruzeiro adernou.

Além disso, a movimentação do navio poderá complicar a retirada das suas 2.400 toneladas de combustível -embora até agora, segundo as autoridades, não exista risco de vazamento. Perto de Giglio há uma área de proteção ambiental para golfinhos.

O ministro italiano do Meio Ambiente, Corrado Clini, afirmou que o naufrágio representa um "risco ambiental muito alto" para a ilha. A companhia holandesa Smit, especialista no assunto, deve apresentar hoje um plano de extração do combustível.

A Organização Marítima Internacional, ligada à ONU, afirmou que o acidente poderá obrigar à revisão das normas mundiais para a segurança de passageiros.

O secretário-geral da organização, Koji Sekimizu, pediu às autoridades italianas que enviem a ele os resultados das investigações.

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