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Desastre pode afetar setor de cruzeiros

Acidente na Itália deve acentuar impacto negativo no mercado, que já sofre efeitos da crise financeira européia

Analistas avaliam também que atual tendência para "supernavios" pode sofrer desaceleração

STEPHEN JEWKES
DA REUTERS, EM MILÃO

O naufrágio do Costa Concordia não é um desastre apenas para seus proprietários, mas pode causar prejuízos a um setor que já enfrenta fortes ventos contrários.

O navio de luxo era operado pela Costa Cruzeiros, uma unidade da Carnival Corporation & Plc, a maior empresa mundial de cruzeiros. Era um dos maiores bens da empresa no lucrativo mercado europeu de cruzeiros.

O acidente dificilmente poderia ter ocorrido em época pior para o grupo, com a crise econômica global já deixando potenciais passageiros de cruzeiros inseguros sobre seus empregos e finanças.

"Esse acidente agrava uma dificuldade já presente, com mercados econômicos europeus em dificuldades e toda a turbulência no Oriente Médio", disse Jaime Katz, analista de participações acionárias da Morningstar, observando que o acidente foi na temporada de pico do setor.

Sharon Zackfia, analista da firma de investimentos William Blair & Co, disse que é cedo para avaliar os custos totais com que a Carnival arcará devido ao acidente.

Há também o problema de a atitude dos consumidores ser prejudicada por preocupações com a segurança.

Somada aos receios dos consumidores em razão do desaquecimento econômico dos EUA e a crise da dívida na União Europeia, isso pode levar algumas pessoas a congelar seus planos de viagem.

"Sempre que ocorre algo assim, há o receio de um impacto na visão do público sobre a segurança do setor como um todo", diz Zackfia.

Outro problema potencial para a dona do navio e para as seguradoras são os danos ambientais. Autoridades manifestaram o receio de que o combustível do navio possa vazar para as águas da ilha, que é uma reserva marinha.

O setor de cruzeiros vem apresentando crescimento exponencial nos últimos 40 anos. Segundo relatório do instituto Risposte Turismo, o número de pessoas que fazem cruzeiros subiu de 500 mil no início dos anos 1970 para 5 milhões em 1990 e cerca de 19 milhões em 2010.

Para atrair consumidores, o setor mudou sua cara, passando a oferecer navios com mais espaço, conforto e entretenimento e adotando economia de escala para reduzir os valores das passagens.

O resultado é que os navios aumentaram de tamanho, dispondo de piscinas, restaurantes, cinemas e discotecas.

O receio é que o desastre na costa da Itália possa desacelerar o crescimento dos supernavios, em favor de embarcações menores.

Para especialistas, o setor já desacelera, sob efeitos da crise. "Grandes grupos como Royal Caribbean, MSC e Costa tiveram crescimento limitado ou mesmo queda de movimento até outubro de 2011", diz Luca Patane, presidente do Uvet, proprietário de mais de 900 agências de turismo.

Tradução de CLARA ALLAIN

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