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Opinião

Reino Unido disputa só parte do mercado da moeda chinesa

DO “FINANCIAL TIMES”

Grandes transferências de poder são acompanhadas por mudanças na moeda de reserva global. A City de Londres vem sobrevivendo como centro financeiro graças a sua capacidade de navegar em meio a essas mudanças.

Não passou despercebido dos financistas de Londres o fato de a China estar crescendo em importância como parte do sistema monetário mundial desde que, em 2010, ela decidiu ampliar o uso do renminbi (o yuan) entre os investidores estrangeiros.

Os primeiros passos foram dados usando como base Hong Kong, região administrativa especial da China. Mas o mercado internacional mais amplo continua aberto.

Em Hong Kong, George Osborne reivindicou para a City uma parcela deste mercado. Francamente, boa parte do que disse o ministro das Finanças britânico não passou de discurso complicado para obscurecer a realidade.

Osborne inflou a importância de alguns acordos técnicos com as autoridades de Hong Kong para investigar sistemas de compensação e pagamento e para desenvolver novos produtos denominados em renminbi.

O ministro também exagerou ao falar da importância da decisão de Hong Kong de estender horários de compensação em yuan para abranger o horário comercial londrino.

Essas iniciativas podem ajudar Londres a colocar seu pé na porta, mas estão longe de representar grande coisa. A City ainda não passa de um entre vários centros financeiros que disputam uma parcela do mercado do renminbi.

De qualquer modo, é possível que esse mercado leve bastante tempo para se desenvolver. As iniciativas tomadas pela China, embora tenham sido dramáticas em termos do crescimento que geraram, são meros passos iniciais. Ainda se está longe de saber quão facilmente Pequim vai aceitar o resto da trajetória do renminbi para o status de moeda de reserva.

Um renminbi de reserva teria que ser plenamente conversível na conta de capital, além da conta corrente. Mas isso implicaria abrir a China aos caprichos dos capitais globais -precisamente aquilo contra o qual ela vem se protegendo (como atestam suas enormes reservas em divisas estrangeiras).

É claro que, na ausência de conversibilidade, o mercado de câmbio exterior precisa atender às necessidades de quem importa bens chineses.

Mas é provável que a demanda por esses serviços continue a ser moderada. Isso porque importadores não chineses relutarão em usar a moeda para pagar por suas importações enquanto os detentores da moeda continuarem a esperar que ela suba.

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