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Análise

Emergentes devem barganhar verba extra por mais poder no Fundo

CARLO PATTI
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Os países em desenvolvimento devem se preparar para novos choques com a crise da dívida na zona do euro e a desaceleração do crescimento dos emergentes".

Assim Andrew Burns, do Banco Mundial, alertou os países em desenvolvimento sobre possível recessão mundial em 2012, por conta da crise europeia.

Ontem, Christine Lagarde, diretora do FMI, propôs potencializar a ação do Fundo aumentando os recursos para ajudar as economias em dificuldade, como as europeias.

Lagarde quer encontrar um entendimento internacional sobre a proposta durante a próxima cúpula do G20 na Cidade do México (25/2 a 28/2). O êxito da proposta depende de vários fatores: a atitude dos países emergentes, a posição dos EUA e a postura dos países europeus.

Os países emergentes, entre eles Brasil e China, deveriam ser os maiores financiadores dessa nova iniciativa. Diante do aumento da própria contribuição às reservas do fundo, esses países poderiam pedir em contrapartida uma reforma do FMI que lhes desse maior peso decisório.

É pouco provável que as grandes economias mundiais, em particular os EUA, estejam dispostas a pagar preço tão elevado como a reforma de uma das principais peças da ordem econômica internacional.

Isso ficou claro pela reação de Washington, que se opôs a destinar recursos adicionais ao FMI. "Nós acreditamos que o FMI possa ter um importante papel na Europa, mas somente como um suplemento dos próprios esforços europeus", disse o porta-voz do Departamento do Tesouro americano, que insistiu que a "Europa tem capacidade para resolver os próprios problemas".

O premiê britânico, David Cameron, que estava recebendo a visita do primeiro ministro italiano, Mario Monti, comentou positivamente a proposta de Lagarde. Cameron se disse favorável a empréstimos "para os países, mas não para as moedas".

A reação das Bolsas mundiais ao anúncio do FMI foi positiva, mesmo que permaneçam fortes dúvidas sobre o sucesso do pedido de aumento do fundo "salva-Europa" e sobre a própria ação do FMI.

O FMI foi capaz de ajudar pequenos países, mas não umas das principais zonas comerciais e econômicas do mundo. Provavelmente, a solução da crise econômica europeia será encontrada nas capitais europeias, e não em Washington, onde o FMI dificilmente obterá o aval da Casa Branca para expandir os próprios recursos.

CARLO PATTI é pesquisador da Universidade de Florença e pesquisador visitante da Fundação Getúlio Vargas

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