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Comandante nega abandono de navio e diz que caiu em bote

Interrogado, Schettino afirmou ter sido 'vítima de seus instintos' e confessou manobra para dar 'oi' a um amigo

Risco de vazamento ainda é alto; empresa diz que são necessárias até seis semanas para extrair o combustível

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

À medida que avançam as investigações sobre a responsabilidade do capitão no acidente com o Costa Concordia e o abandono do navio, a situação do comandante italiano Francesco Schettino só se complica.

Ontem, a imprensa italiana divulgou que o capitão alegou, durante sessão no dia anterior com magistrados, ter "escorregado e caído" em um bote salva-vidas.

Segundo Schettino, ele estava tentando fazer com que os passageiros entrassem nos botes de forma ordenada. "De repente, como o navio estava a uma inclinação entre 60 e 70 graus, eu escorreguei e parei em um dos botes", disse.

O jornal "La Repubblica" disse que, com Schettino, abandonaram o navio o segundo responsável pela embarcação, o grego Dimitri Christidis, e Silvia Coronica, a terceira no comando.

Sobre a manobra que fez com que o navio colidisse com rochas na última sexta-feira, o capitão disse que foi "vítima dos próprios instintos". Ele afirmou que queria dar um "oi" a um velho amigo, o ex-capitão Mario Palombo, que vive na ilha de Giglio. Argumentou que conhecia bem o local e que havia feito essa manobra "três ou quatro vezes".

TRAJETO

"O trajeto foi decidido assim que deixamos Civitavecchia, mas cometi um erro na aproximação. Ordenei a manobra muito tarde e acabei em uma parte muito rasa."

No entanto, um dos funcionários do navio acusou Schettino de conduzir de forma imprudente. "A impressão é de que ele iria dirigir um ônibus como se fosse uma Ferrari", disse Martino Pellegrino.

O capitão está em prisão domiciliar, perto de Nápoles. Contudo, o procurador Francesco Verusio disse que irá recorrer da decisão, considerando a possibilidade de fuga.

Foram encontrados até agora corpos de 11 pessoas mortas no naufrágio. O número de desaparecidos, no entanto, continua incerto.

Ontem, o governo italiano divulgou uma lista com 28 nomes. A Associated Press, porém, disse que 21 pessoas não foram encontradas após a confirmação de que uma turista alemã, dada como desaparecida, havia se salvado.

Uma nova movimentação do navio, que está parcialmente submerso e instável próximo a um declive no fundo do mar, paralisou novamente as operações de busca. Durante a madrugada, bombeiros procuraram por sobreviventes nas partes do navio que ainda estão fora d'água.

O risco de vazamento de combustível ainda é alto. O ministro de Ambiente italiano, Corrado Clini, disse ontem que já foi registrado um dano ambiental "muito contido" na região do naufrágio. "Estamos diante de uma situação-limite, porque o navio está instável", disse.

A empresa Cambiaso Risso, representante italiana da holandesa Smit Salvage, que vai extrair o combustível, estima que o trabalho levará de duas a seis semanas.

O premiê italiano, Mario Monti, fez ontem seu primeiro comunicado sobre o acidente, dizendo que ele "poderia e deveria" ter sido evitado.

Ele ainda agradeceu aos cerca de 900 moradores da ilha de Giglio, que deram apoio às mais de 4.200 pessoas que estavam à bordo.

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